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Porque há valores e princípios que, ao contrário da civilização do fátuo e do descartável, sobrevivem para além das flutuações dos tempos e resistem à volatilidade de tudo o que é efémero, milhares de anos depois da época áurea das culturas da antiguidade clássica, na crise de valores e de princípios que assola as civilizações da atualidade, seria aconselhável e extremamente importante que, para a sua valorização pessoal, todos os atuais e futuros responsáveis políticos, revisitassem frequentemente a história e os princípios que, durante séculos, orientaram o modo de pensar e de proceder dos antigos responsáveis pela condução dos povos.
Nesta ordem de ideias, pela sua extraordinária atualidade, mau grado remontar a milhares de anos atrás, não resisto a trazer à colação a chamada de atenção, escrita em latim, com que o Senado Romano alertava cônsules de então nos momentos de crise e de dificuldade do império romano, em condições muito idênticas às que Portugal atravessa na atual conjuntura,
“Cavent consules,ne quid detrimenti Respúbblica capiat”, através da qual, numa tradução livre, os alertava para a necessidade e a obrigação de ”velarem pela segurança da República”.
Sem pretender arrogar-me a qualidade de profeta da desgraça, mesmo assim, julgo que, perante esta maneira programática e realista de analisar a situação de então, se todos parássemos para pensar e meter a mão na consciência, mesmo depois de passados tantos séculos, facilmente concluiríamos, com clareza meridiana, que aquela exortação mantém toda a sua atualidade e, na atual conjuntura política do nosso país, assenta que nem uma luva e cai como a sopa no mel, o que deveria levar, tanto os governantes como os governados, a reconhecerem as consequências e assumirem as responsabilidades pela falta de qualidade e competência,(isto para não lhe chamar outras coisas) como, um escandalosamente grande número deles, desempenha as tarefas e cumpre as missões que lhe foram confiadas pelo voto do povo.
Mas não e, esquecendo-se de que, como muito bem já diziam os antigos, “o poder corrompe”, acabam por ser os únicos e grandes responsáveis pelo alheamento e descrédito da vida das instituições por parte dum número muito significativo e altamente preocupante de pessoas, fenómeno que, a não ser travado rapidamente, pode ser o primeiro passo para escancarar as portas a todos os extremismos e populismos, capazes de por em risco o nosso regime de liberdade e democracia, fatores nada recomendáveis, sejam eles de direita ou de esquerda para que, em verdadeira democracia, paz e liberdade, tenhamos a garantia de podermos continuar a comemorar condignamente, por muitos e muitos anos, o glorioso dia 25 de abril.