A opinião de ...

Purgar ou não purgar, aqui é que a porca torce o rabo..

A palavra purgar deriva do verbo latino “purgare”, e significa tornar puro, purificar, desembaraçar os intestinos, administrar uma purga, livrar do que é nocivo, expelir pus, maus humores ou tomar um purgante, resumindo, limpar.(Vide Dicionário da Língua Portuguesa, do Prof. Dr. Fernando J. da Silva 3ª edição, página 1262).
Depois de hesitar em dar honras de título a uma palavra como esta de que se serviu um alto dirigente do PS e figura grada do governo de maioria para vir a público dizer que no seu partido não se faziam purgas, a minha surpresa foi tão grande que, não fosse o diabo tecê-las e eu ter ouvido mal, voltei a ouvi-la, acabando por confirmar que foi exatamente isso o que ele disse.
Não fosse o período eleitoral e a responsabilidade do seu autor, derivada das altas funções de estado que exerce, e esta espúria e bizarra afirmação, ao nível do mais ridículo do anedotário nacional e da vulgaridade da maioria das tiradas inflamadas com que os insuportáveis comicieiros do costume, inebriados pelos seus momentos de glória nas televisões e pelas palmas e aplausos a pedido com que, na distribuição da mais ridícula e inútil parafernália de quinquilharias vão satisfazendo o seu ego nas arruadas e nos areópagos do país, já estaria a ser tratada num centro de compostagem para depois ser vendida como fertilizante.
Mas não foi, e ainda bem, porque afirmações deste calibre, tanto pelo autor como pela mensagem que pretendem passar, não podem ficar sem resposta.
No que diz respeito à maneira linear como o autor disse o que disse, falou do que não queria ou, quiçá, nem quereria falar do que falou, o certo é que foi isso mesmo o que ele acabou por dizer.
Quanto ao assunto da mensagem, o tiro também acabou por sair pela culatra.
Passados quase cinquenta anos do 25 de abril, já há muita gente que não anda a dormir e que acompanhou com muita atenção o desempenho desastroso dos últimos governos em áreas chave como a saúde, a justiça, a habitação, o ensino, a segurança, as políticas migratórias, os transportes públicos, o aumento do desemprego e do número de sem abrigo, a política do tapa buracos e depois logo se vê e do desenrasca agora e quem vier atrás que feche a porta e, especialmente para nós transmontanos, não aceita o escândalo inqualificável do “desleixo inocente da AT” que, com total desprezo pelos interesses das populações locais, permitiu que se perdessem muitos milhões de euros dos impostos devidos pelos compradores das nossas barragens, nem o desprezo e a discriminação criminosa do interior do país em favor do litoral onde, à boleia da concentração dos votos, há tachos e lugares de sobra para todos os amigos da cor, familiares e correligionários.
Se isto não é matéria de sobra para justificar uma verdadeira purga à medida da grave crise em que o país se encontra, então, parabéns e muito obrigado

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3970

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