A opinião de ...

Todos Ao Pagamento - TAP

São mais de 3,7 mil milhões de euros, a fazer fé nos números avançados em conferência de imprensa pelo Ministro Pedro Nuno Santos, para garantir a viabilidade da TAP Air Portugal, uma das nossas companhias de bandeira, que levantou voo no mundo da aviação a 14 de março de 1945 (chamando-se também na altura TAP – Transportes Aéreos Portugueses...) e que, no ano de 2019, de braços abertos ao mundo, ultrapassou os 16 milhões de passageiros transportados num só ano!
Das razões enunciadas por Pedro Nuno Santos (que com as suas atitudes faz indiciar o início da corrida política à sucessão de António Costa...), para justificar esta aplicação de tão elevado montante financeiro, estão – e cito: “a sua natureza de empresa estratégica no apoio à economia e ao emprego e de “companhia de bandeira”, obrigada a servir a população das ilhas, as comunidades portuguesas, os destinos de emigração e os territórios com os quais temos ligações históricas, como os PALOP”.
Agora novamente nas mãos do Estado, depois de ter sido privatizada em 2015, e como forma de ilustrar a importância da TAP para Portugal, foram recordados ainda “os 2,6 mil milhões de euros de contributo para as exportações em 2019” e os “1,3 mil milhões de euros de compras feitas a empresas portuguesas”.
Este Plano de Reestruturação da TAP foi entregue no pretérito dia 10 de dezembro à Comissão Europeia com quem Portugal vai iniciar agora as negociações da proposta.
Com certeza que nenhum de nós está satisfeito pelo que se soube sobre a real situação da TAP (uma empresa falida!) e talvez ainda menos, pelos custos anunciados que como contribuintes portugueses seremos chamados a pagar para a salvar, o que faz com que seja colocada a questão essencial: vale mesmo a pena este sacrifício de pagar os desmandos da nossa companhia aérea em mais de 3,7 mil milhões de euros (enquanto que para as empresas Todas do País, afetadas pelo Covid, estão previstos, no próximo ano, injetar 900 milhões de euros) ou não será mais uma evolução na continuidade do que tem sido a sua carreira para manter uma empresa falida que tem sugado tanto dinheiro?
Até porque ficou a saber-se também que este Plano de Reestruturação implicará a saída de 2.000 trabalhadores até ao final de 2021 e a alienação de alguns aparelhos da frota (fala-se em cerca de uma vintena, ficando só com 82), o que resultará numa companhia aérea reduzida na sua capacidade. Num mundo tão competitivo como o da aviação, que futuro terá?
Para um País que andou quase 20 anos! para angariar 21 milhões de euros para a construção de um hospital pediátrico no Porto (ou uma Nova Ala Pediátrica que servirá uma grande parte da zona norte do País), para evitar que crianças continuem internadas em contentores e a fazer quimioterapia em corredores, em situação degradante, o que pelos vistos ainda não cessará em 2021; para um País cuja dotação orçamental do Serviço Nacional de Saúde foi reforçada, para o próximo ano de 2021, em 467,8 milhões de euros face ao orçamento anterior, isto dá mesmo que pensar...
A decisão do Governo está tomada! Penso que todos gostaríamos que o Plano de Reestruturação fosse bem aplicado e no fim se salvasse a TAP, apesar de não vir a ser aquela empresa grande que queríamos que fosse. No entanto, exige-se que esta empresa do Estado seja bem gerida, com rigor e imune aos the jobs for the boys, que não só preste um serviço público, mas um bom serviço a todos os portugueses.
Ah e ainda falta a SATA Air Lines (Serviço Açoriano de Transportes Aéreos)

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3812

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