Nordeste Transmontano

Emigrantes são lufada de ar fresco para o comércio da região

Publicado por Glória Lopes em Sex, 2013-08-16 10:32

Numa altura em que as praias do Litoral estão na moda, são ainda muitos os emigrantes transmontanos que preferem ficar na terra natal a passar férias. São estes que conferem um impulso momentâneo ao comércio local.
“Voltei, voltei / Voltei de lá. / Ainda ontem estava em França. / E agora já estou cá”. Este é o refrão de uma modinha da música popular que sintetiza a alegria que muitos emigrantes sentem ao cruzar a fronteira portuguesa. O contentamento pelo regresso, ainda que temporário, à família, a casa e à aldeia.  “Vale mais um mês aqui. Do que um ano inteiro lá”, prossegue a letra da canção. Um sentimento que vai de encontro ao que sente Sandrine Gonçalves, emigrante em França. Conhece bem a emoção do regresso. “Só por ouvirmos falar português já ficamos muito contentes. Significa que estamos perto de casa”, contou. Duas vezes por ano, ela, o marido e os dois filhos pequenos, fazem-se à estrada para passar uns dias em Parada, uma aldeia do concelho de Bragança. A viagem é longa, demora mais de 10 horas e implica gastos, mas o casal dá por bem empregue o dinheiro. “Poupamos o que é possível durante o ano para vir de férias. Vale a pena para reencontrar a família e estar na nossa terra”, contou Sandrine.
Agosto é o mês por excelência das férias dos emigrantes. A região muda nesta altura do ano. As aldeias quase despovoadas voltam a encher-se, as vilas e cidades são mais procuradas. Os corredores dos supermercados ficam mais cheios, os carrinhos repletos de compras, as filas nas caixas também são maiores, obrigando por vezes a um reforço do pessoal. As feiras ficam repletas de gente. Uma fonte de um hipermercado de Bragança deu conta que este verão contrataram mais seis pessoas para os meses de maior afluência de clientela, mas mesmo assim há dias que é pouco. “Vende-se mais. Este ano nota-se mais isso. Provavelmente devido à crise as pessoas optam mais por fazer refeições em casa do que nos restaurantes e acabam por fazer mais compras” explicou a mesma fonte.  É assim o mês de agosto no distrito. Menos estacionamento, mais filas nas repartições públicas, mais movimento em geral.

Negócios vão melhor do que no verão passado

São muitos os restaurantes que admitem que nesta altura do ano contam com uma lufada de ar fresco, ou de mais euros. Não o suficiente para fazer face aos maus tempos do resto do ano, no entanto é um alívio. “Sem dúvida que temos mais procura. Há mais clientes e são pessoas que vêm de fora, emigrantes e turistas. Procuram comer pratos tradicionais”, referiu Andreia Afonso, do Restaurante Restaurador, em Bragança. Também, na Hotel/Restaurante Tulipa, se vendem mais refeições por estes dias. Todavia o movimento não chega a duplicar. “Estamos num bom nível, mas como temos muita procura no resto do ano não chega a ser tão significativo assim. Nota-se que há mais gente de fora, sobretudo turistas”, justificou Hugo Gaudêncio, da gerência.

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