Nordeste Transmontano

Empresários transmontanos em busca da saudade perdida

Publicado por António G. Rodrigues em Ter, 2013-07-02 10:41

EDP levou quatro empresários e três instituições de solidariedade social a conhecer o mercado francês e abrir portas junto de um potencial de um milhão de portugueses em França. Autarcas também foram fazer contactos.
Lá diz o ditado que se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. Numa altura em que os clientes parecem fugir a sete pés de quem procura vender, a EDP promoveu uma missão diplomática a França, junto da comunidade portuguesa, com quatro empresários do Nordeste Transmontano e três instituições de solidariedade social (ver texto ao lado). O objetivo era abrir portas que teimam em estar fechadas aos produtores da região a um mercado que, de acordo com o Cônsul português em França, pode chegar ao milhão de pessoas.
O chamado “mercado da saudade” parece adormecido para os portugueses. “França é complicado. Deviam apostar mais nos produtos de qualidade e não no preço. Temos produtos de qualidade, não de preços baixos”, lamenta-se Sónia Carvalho, das Alheiras Angelina, de Mirandela.
No seu caso, dos cerca de dois milhões de euros de volume de negócios anuais, 15 por cento referem-se à exportação, seja para Angola, Moçambique ou Macau, que começa agora a descobrir a sétima maravilha da gastronomia portuguesa. Mas isso não chega. “É agradável ver que as pessoas conhecem a nossa marca. O que não é agradável ouvir é que não a encontram em lado nenhum”, lamenta.
Pedro Caldeira, da Topitéu, outra fábrica de alheiras, já está mais habituado à internacionalização, mas ainda busca a melhor forma de chegar ao potencial luso-francês. “Aumentámos 20 por cento as nossas exportações em 2012, que já representam 16 por cento dos cerca de três milhões de volume de negócios que tivemos no ano passado”, explica. Mas pede mais apoio das instituições governativas para os empresários locais.
“Em termos autárquicos estamos um pouco esquecidos. As autarquias deviam levar os empresários sempre que saem para qualquer missão”, frisa.
E foi precisamente para sensibilizar o poder local para a importância das pequenas e microempresas, que a EDP apostou nesta missão com empresários de uma região onde tem forte presença (barragem do Sabor e de Foz Tua). Mas isso, só, não chega, dizem os empresários.
Telmo Ramos, da Quinta da Veiguinha, de Vila Flor, pede mais intervenção do Estado. “As nossas dificuldades são burocráticas. Curiosamente, somos melhor acolhidos nos países de destino do que no nosso pais, que nos podia ajudar”, clama, sobretudo na tarefa de “desburocratização”.
Já Marta Santos, representante da Puri, uma empresa de Carrazeda de Ansiães que fabrica doces e compotas, entre outros, sublinha a importância “dos contactos”. “Acho que as pessoas gostaram dos produtos”, frisou. O problema é mesmo conseguir o código que desbloqueia a fechadura. Vítor Mariano, o maior distribuidor de produtos portugueses em França, com 17 milhões de euros de volume de negócios, confia que os franceses já começam a apreciar os produtos tradicionais. Só falta abrirem os cordões à bolsa.

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