A opinião de ...

Foco e firmeza profissional

A profissão docente tem sido um tema recorrente nos noticiários. As greves e manifestações que, nos últimos tempos, têm vindo a acontecer revelam a grande insatisfação de uma classe que reivindica “valorização”, “respeito” e “estabilidade”. É inegável que a imagem do professor na sociedade tem sido, por muitos, injustamente esfacelada. A bem da verdade, atualmente os professores são confrontados com novas funções e responsabilidades, necessitando de possuir uma panóplia de competências para poder desempenhar a sua atividade com sucesso, numa sociedade complexa, heterogénea e flutuante nos conhecimentos e valores. As funções que desempenha revestem-se de grande complexidade, ambiguidade e, muitas vezes, de um caráter contraditório. Nos nossos dias, para se ser professor, saber ensinar não basta. Obviamente que os professores transformam as adversidades em oportunidades e mostram que são capazes de dar resposta(s) aos desafios impostos, mas para isso trabalham muito, porque acreditam que a garantia do futuro e do progresso de um país está na educação. Prova do que acabo de afirmar são os estudos que foram efetuados sobre a qualidade das respostas educativas apresentadas, durante a pandemia. Sobre esses estudos, apraz-me referir que os resultados apontam, como as melhores respostas educativas, as dos professores, pois a partir de suas casas montaram uma escola a distância com os seus próprios meios e, através da sua autonomia profissional e de dinâmicas de colaboração, foram capazes de criar e avançar propostas sólidas com sentido pedagógico e com preocupações inclusivas e diferenciadas. Não defendo, de todo, um ensino virtual a distância, pois perder-se-ia o contacto direto, a partilha e a interação humanas em espaços físicos que permitem olhar nos olhos e sentir as dificuldades e as conquistas do outro. Mas, entendo que o desempenho, bem como o esforço e a dedicação dos professores devem ser valorizados, tornando, desta forma, a carreira mais atrativa e competitiva para as novas gerações. No entanto, isso não acontece, pelo contrário, o que se tem vindo a verificar é que as condições económicas e profissionais dos professores se têm vindo a degradar e que não há profissionais em número suficiente para as necessidades da escola pública portuguesa. O reconhecimento é essencial para que os professores se sintam apoiados e motivados para abraçar os desígnios de uma profissão que, em meu entender, é imprescindível para a formação dos homens do amanhã. Acredito, tal como Nóvoa que “nada substitui o trabalho de um bom professor, de uma boa professora, na capacidade de juntar o saber e o sentir, o conhecimento e as emoções, a cultura e as histórias pessoais”. Por isso, precisamos de uma (re)valorização da profissão docente, firme e focada em medidas de confiança que contribuam para a (re)construção de uma escola de todos e para todos, onde o bem-estar e a felicidade seja também visível na sociedade.

Edição
3918

Assinaturas MDB