Mas que bela noite de S. João
Sou associado já há muitos anos e membro da Mesa da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro e, como é habitual, fui convidado para participar no jantar na festa de S. João, da Santa Casa da Misericórdia, no dia 23 de Junho, juntamente com as pessoas lá internadas, com os funcionários, assistentes e com os amigos que por lá aparecessem, enfim, com uma irmandade maravilhosa. Como em Mogadouro há várias “casas” da Santa Casa, eu escolhi a casa mais antiga, com a secretaria e mais perto da minha casa. Aceitei este fraternal convite com todo o prazer do meu coração.
Quando lá cheguei, já uns bons artistas estavam a tocar um lindo fado, para criar um bom ambiente, aos poucos, os funcionários e diretores do lar iam trazendo os muitos utentes para a música, convívio e confraternização, de várias maneiras possíveis. Uns com o apoio pessoal, outros de cadeiras- de-rodas outros juntamente com os amigos. Quando chegamos lá, já a fogueira das sardinhas e da boa “Chicha” estava preparada. Dei uma terna volta ao espaço e comecei a dar um beijinho para as Senhoras sentadas e um profundo abraço aos senhores sentados, como se fossem da minha família. Foi um momento emocionante, muita gente já eu conhecia, outra não, mas adoraram, tanto como eu essa fraternidade.
Depois sentamo-nos e fomos extremamente bem assistidos e servidos quer pelas funcionárias, quer pelo outro pessoal da Santa Casa, daquela sessão.
Mais uma vez fui dar um abraço e um beijinho aos utentes e, também começaram as danças e, aos que dançavam, umas bate-palmas de quem assistia sentado. Tirei fotografias a todas estas pessoas que, por momentos se sentiram muito felizes.
Uma coisa que eu reparei, e que muito me comoveu, quando o sol se começou a pôr, notei algumas lágrimas a escorrerem pelas lindas faces dos/as utentes. Vinha a noite, mais outro dia, e…como será amanhã? Confesso que uma fugitiva lágrima me fugiu pela minha face. Lembrei-me que aqueles são, no fundo, nós, nós que sonhamos, lutamos, ajudamos, vivemos…mas acabaremos assim, ao ver um sol poente, adivinhando a noite... Confesso que umas lágrimas dissimuladas me escorreram pela face, foi aí que vi que aqueles ou aquelas que ali estavam, no fundo…sonos nós. Vim para casa a pensar nisso, vim a pensar que, cada um de nós irá lá ver um pôr-do-sol….ao som de um fado lindo.