A opinião de ...

Contas trocadas

As eleições legislativas do passado dia 30 de janeiro trocaram as voltas a muita gente, de jornalistas aos analistas e comentadores, passando pelas empresas de sondagens, até vários políticos da nossa praça.
Pela segunda vez, o PS venceu no distrito de Bragança (só tinha acontecido em 2005). Mas foi a primeira vez em que conseguiu ter mais deputados eleitos do que o PS (em 2005, o distrito ainda elegia quatro, dois do PS e dois do PSD).
A força demonstrada por Sobrinho Teixeira como candidato na primeira vez a que se apresentou a sufrágio terá deixado muita gente no Nordeste Transmontano a refazer contas.
A vitória do PS, que para além do distrito venceu no concelho de Bragança e na própria capital de distrito, abriu as portas, dentro do PS, à perspetiva de poder vir a disputar as eleições autárquicas de 2025 tendo como candidato o antigo presidente do Instituto Politécnico de Bragança.
Independente politicamente, Sobrinho Teixeira tem sido uma aposta do próprio António Costa, que se revelou ganhadora.
Depois do descalabro que foram as autárquicas em Bragança em 2021, com a perda de todas as freguesias, a vitória de Sobrinho Teixeira trouxe uma lufada de ar fresco e confiança às hostes socialistas.
No entanto, não podem distrair-se pois a máquina do PSD está bem oleada e tem várias e diferentes alternativas, que podem acordar da sombra após esta chamada de atenção.
Mas a maioria absoluta do PS veio, também, trazer um horizonte de estabilidade a quatro anos, ao invés dos dois que se pensava que iriam sair de um novo Governo sem maioria.
Com as perspetivas dadas pelas sondagens, as contas faziam-se a dois anos de governação antes de novas eleições, com nova elaboração de listas a deputados. Seria oportunidade para alguns autarcas que estão no último mandato darem o salto para Lisboa.
Assim, os mandatos devem mesmo ser levados até final.

As secas começam a ser cada vez mais frequentes. Visitando os arquivos do Mensageiro e consultando os especialistas, o ano de 1943 é apontado como um dos piores do século XX. Também o início da década de 1980 trouxe dificuldades com a falta de chuva.
Mas, no século XXI, este é já o quarto período crítico, depois de 2005, 2012 e 2017, considerado por muitos como o pior de sempre.
O investimento a que se tem assistido na construção de barragens e regadio tem servido apenas de tapa-remendos. Os ciclos de seca estão cada vez mais curtos e recorrentes e é urgente uma verdadeira e real aposta na construção de reservas de água numa das regiões em que menos chove no país. Sob pena de o Sahara chegar a Trás-os-Montes em pouco tempo.

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