A opinião de ...

Experiência social

Já há algum tempo que venho discutindo com um amigo empresário, da nossa praça, a questão do vencimento dos políticos.
Diz esse meu amigo que o Primeiro-Ministro de um país como Portugal deveria ser remunerado em milhões de euros. Mas também deveria ter a qualidade correspondente.
Ou seja, defende que para gerir um país é preciso um super-gestor, que teria de ser pago a peso de ouro. Se não, é impossível livrarmo-nos da mediania reinante.
Diz ele que, enquanto isso não acontecer, o país nunca terá as reformas que precisa nem se livra da corrupção, pois os cargos são mal pagos para fazer face às tentações.
Tendo em conta as responsabilidades e o peso das decisões que são tomadas diariamente nos ministérios, câmaras municipais, direções gerais, até que ponto não seria necessário rever as tabelas salariais para deixarmos de ouvir políticos dizerem que, para assumirem determinado cargo, vão perder dinheiro? Isso é justo para quem governa? E para quem é governado nestas condições, sem a garantia de ter os mais competentes a gerir a causa e a coisa pública? É que o dinheiro do Estado não é do Estado, é de todos nós...
Ora, é mais ou menos a essa experiência que vamos poder analisar nos próximos tempos no Governo de Donald Trump.
O presidente-empresário chamou para junto de si no Governo do país mais influente do mundo alguns dos amigos bilionários de Silicon Valley, incluindo Elon Musk, empresário empreendedor, fundador da Tesla, dono do antigo Twitter, fundador da Space X e do Starlink, entre outras tecnologias.
Aquilo que se sabe de Musk é que é pouco dado aos formalismos, sobretudo aos políticos, e ao politicamente correto.
Alguns dos próprios conselheiros próximos de Donald Trump já estão com ele pelos cabelos e a tentar diminuir a sua influência na Administração norte-americana.
Musk foi recrutado para ajudar a cortar no peso da administração pública.
Ora, um ultra-liberal acha sempre que o Estado tem demasiado peso na economia.
Como dizia, por estes dias, Pedro Santos Guerreiro, um ultra-liberal acha sempre que o Estado tem demasiado peso até as suas empresas começarem a perder dinheiro. Depois há de vir defender o protecionismo.
Vamos poder assistir, por isso, se a teoria desse meu amigo, defendida por cá por empresários como Miguel Milhão (fundador da Prozis), ou mesmo em Espanha.
Depois, poderemos tirar as nossas ilações. Será que a política já não atrai os melhores da sociedade? Porquê? Ou precisamos de mudar o tipo de políticos que nos governam? A ver vamos... Até porque a um político, como já diziam os romanos, não basta ser sério. É preciso não deixar dúvidas a ninguém que se é.
Gandra d’Almeida que o diga.

Edição
4021

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