A opinião de ...

Os receios e o Papa Francisco

Nas últimas semanas, têm proliferado as notícias especulando sobre uma possível resignação do Papa Francisco, à semelhança do que fez o seu antecessor, Bento XVI.
A causa da especulação são as dificuldades de locomoção de Jorge Bergoglio (o nome do argentino eleito Papa em 2013), devido a um conhecido problema num joelho.
Que o Papa mancava, já não era novidade. Há muito que eram evidentes as dificuldades físicas do homem que representa Pedro entre o povo de Deus.
A preocupação aumentou na exata proporção das dificuldades de locomoção, que obrigam agora o Papa a deslocar-se em cadeira de rodas.
Mas se o corpo do homem enfrenta dificuldades terrenas, a mente mantém a agilidade que o tornaram numa figura queria e ansiada por todo o mundo.
A preocupação de muitos católicos com o estado de saúde de Francisco revela, apenas, a importância desta figura não apenas para a Igreja mas para toda a sociedade.
As suas intervenções são citadas em todo o mundo, as suas chamadas de atenção são sentidas e a sua presença ilumina os fiéis, cuja fé fica mais confortável com um vislumbre apenas do Papa.
Para já, garantem os mais próximos que as dificuldades de locomoção são isso mesmo, dificuldades de locomoção normais num octogenário.
O conforto que o Papa proporciona não advém de o seu passo ser mais ou menos estugado, de subir mais depressa ou mais devagar a escadaria da Basílica de S. Pedro, mas da sua simples presença e das palavras que nos diz.
Certeiras, desafiantes e chamativas.
Por cá, já se garantiu que o Papa estará presente na Jornada Mundial da Juventude de 2023, em Lisboa, seja de cajado ou cadeira de rodas.
Porque mais importante do que a forma é a substância. E, nesse aspeto, Francisco tem desafiado a Igreja para lá dos seus limites tradicionais.
E, para isso, é indiferente se o Papa está sentado numa cadeira de rodas ou em pé.
Em maio, o própio Francisco pedia apenas um pouco de tequila para sarar o joelho. “É uma coisa temporária. Dizem que só acontece com os velhos, e não sei por que isso me aconteceu…”, concluiu com um sorriso, na ocasião. E é do sorriso que precisamos.

Edição
3890

Assinaturas MDB