A opinião de ...

ALBERT EINSTEIN e CARLOS FIOLHAIS

Carlos Fiolhais é um dos maiores cientistas portugueses (é o cientista português mais citado), um excecional divulgador de ciência e, igualmente, um homem afável de trato fácil e um enorme sentido de humor. Tive o privilégio de falar com ele sobre um dos grandes poetas contemporâneos, António Gedeão que ambos admiramos e da sua “obra póstuma” publicada, curiosamente, em vida do autor. A conversa descontraída, no pátio de entrada do Instituto Gulbenkian de Ciência terminou com o investigador a falar longamente sobre física e, sobretudo, de Albert Einstein. Lembrei-me desse episódio recentemente, em duas circunstâncias: obviamente por ocasião da confirmação da teoria da relatividade e, menos óbvio, mas com mais propriedade a propósito do Parque Eólico de Torre de Moncorvo (PETM).
 
Não há, que se saiba, nada que ligue o físico germânico à nordestina Terra do Ferro. A relação fi-la eu, não por qualquer deformação que o espaço-tempo apresente neste local, mas, mais prosaicamente, a propósito do Projeto Eólico de Torre de Moncorvo cuja reprovação recente provocou uma reação unânime na respetiva autarquia. Uma moção de repúdio foi aprovada por unanimidade na Câmara Municipal e na Assembleia recebeu voto maioritário sem qualquer oposição. E, contudo, há vozes discordantes!
 
Foram várias as entidades que se pronunciaram sobre este projeto e daquelas cujo parecer é vinculativo apenas uma reprovou a proposta em análise.
Obviamente que os pareceres positivos foram devidamente valorizados por quem está legitimamente ao lado do promotor pretendendo reverter a decisão governamental. É natural que olhemos com simpatia quem entende e subscreve, condicionadamente ou não, as mesmas teses que nós. Contudo, para sermos sérios teremos de dar igual importância e legitimidade, que aliás lhe vêm da lei que nos rege, a quem nos secunda como a quem nos contradiz.
É verdade que a implementação do PETM reúne largo consenso em Moncorvo. Mas não obtém a unanimidade de apoio. Há alguns aspetos que são contestados. Tocando alguns deles áreas estratégicas para o futuro do concelho, é bom apurar dos fundamentos que lhes estão subjacentes.
É aqui que vem a propósito a minha conversa com Carlos Fiolhais. Dizia-me o físico da Universidade de Coimbra que quando Einstein apresentou a sua teoria houve uma reação de cerca?de uma centena de cientistas seus contemporâneos que se juntaram para a contestar.
– Se ele estivesse errado, não eram preciso cem. Bastava um – concluiu!

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