A opinião de ...

INACEITÁVEL DISCRIMINAÇÃO-II (Continuação da publicação na edição 3721)

Se a opção para transportar o minério de Moncorvo for rodoviária, o engenheiro António Santiago Batista revela, fundamentadamente que serão necessários 250 camiões diariamente, entre o Felgar e Leixões. Ou seja, se circularem continuamente, dia e noite será um camião a cada 6 minutos!

DUZENTOS E CINQUENTA RUIDOSOS CAMIÕES POR DIA a saírem do Felgar e a passarem, incessantemente, pelo Carvalhal e pela vila, ao lado do Centro de Saúde! Se o fizerem de forma distribuída de dia e noite será uma viatura a cada seis minutos a roncar à porta de inúmeros cidadãos.
DUZENTOS E CINQUENTA POLUIDORES CAMIÕES POR DIA a enviarem toneladas de CO2 para o ar que os moncorvenses irão respirar e que irão cobrir de fina camada de carvão as vinhas, hortas e pomares do Vale da Vilariça!
DUZENTOS E CINQUENTA PESADOS CAMIÕES POR DIA a esmagarem o piso das velhinhas estradas nacionais 120 e 220 e a destruírem as rotundas desta última, no troço urbano. O próprio IC5 terá dificuldade em manter a atual qualidade da via. E como vai ficar o trânsito na sede do concelho e nas vias de acesso?

Imaginemos que, por bom senso, apenas haverá transporte durante o dia ou seja durante dez horas (das 9H00 às 19H00). Nesse cenário estará a passar um camião a cada dois minutos e meio.
Ainda não se sumiu o último ronco de um deles já o seguinte estará a troar e, antes que o seu eco se extinga, já o próximo anuncia a sua chegada iminente.
Ainda a nuvem negra do escape de um deles se enovela no ar, cada vez mais poluído, já uma segunda se lhe junta perfazendo uma única, maior e crescente, por que uma terceira se aproxima, empurrada por uma quarta...
A uma velocidade de 50 Km/h, como é obrigatório nas localidades, na prática vai ser uma fila contínua de veículos pesados. Como consequência todos os que vêm atrás acabarão por circular a essa velocidade porque apesar não haver essa limitação a distância entre eles não é suficiente para absorver as diferenças de andamento.

Quem é que, nestas condições, vai querer visitar ou sequer passar por Moncorvo? Só se, de todo, não encontrar uma alternativa!

Será que ninguém pensou nisto? Se o não fizeram, já há muito o deviam ter feito, pois não se pode programar o futuro sem equacionar as consequências dos atos que se patrocinam ou aceitam. Se pensaram e mesmo assim, nada dizem, nada opõem, então a situação é ainda mais grave. Não é concebível que possam ser aceites como possíveis, soluções que, a serem implementadas, vão infernizar a vida e as condições daqueles que confiaram aos decisores a competência para, precisamente, as defenderem

Edição
3723

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