A opinião de ...

A ideia de voluntariar na Cadeia!...

Há quem diga que na vida nada acontece por acaso. De certo modo, também eu acredito nessa ideia, sobretudo quando faz do conhecimento e da interação pessoal um ponto de partida para uma amizade sustentadamente vivida, sentida e partilhada com valor acrescentado e colocada ao serviço do “outro”.
Neste contexto, há muitas histórias que, positivamente, nunca esquecemos, porque potenciaram amizades que mantemos.
Vem isto a propósito da amizade que me liga, desde há muito anos, ao senhor António Machado, mais conhecido como o “Machado da Tranquilidade”!...
Conheci o António Machado, ainda, eu, uma criança, quando ele acompanhava o sogro, o popular “Senhor Jesus”, funcionário do Tribunal de Bragança, grande amigo do meu pai, à minha aldeia, para vender seguros.
A amizade ficou ainda mais reforçada, não só porque o senhor Jesus chegou a ser meu encarregado de educação ao nível escolar, mas também porque o meu pai se tornou agente da Tranquilidade. A partir daí sempre cultivei uma relação de amizade com o António Machado, num contexto de estima e consideração.
E foi, nesse contexto que, percebendo o olhar integral para pessoa humana, ao nível das preocupações sociais e de voluntariado que o amigo Machado adopta na sua vida, para além das ocupações particulares, um dia, no decorrer de uma conversa ocasional, lhe lancei o desafio de fazer qualquer coisa de bom, junto da comunidade prisional, no âmbito da Delegação de Bragança, da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
É que, na vida, não podemos ficar à espera que as coisas aconteçam. É determinante ter ideias. É importante ousar, desafiar, acreditar!... Ter Fé, pois esta torna tudo mais fácil. E Deus nunca questionará os nossos desafios/pedidos, desde que imbuídos de Fé.
Por outro lado, quando se exerce uma profissão segundo o critério de amor ao próximo, qualquer desafio se torna pessoal, servindo, crescendo e fazendo crescer, numa perspetiva de mudança e desenvolvimento dos nossos e dos talentos dos outros, potenciando uma dinâmica de espontaneidade, simplicidade e bondade.
Se rápido me saiu a ideia/proposta, tão rápido tive a positiva resposta. Logo ali perspectivamos a possibilidade de a Liga Portuguesa Contra o Cancro, vir a realizar atividades dirigidas aos reclusos da Cadeia de Bragança. E o que não parecia fácil, com toda a simplicidade e facilidade aconteceu.
Foi pois, com grande entusiasmo e muita entrega que, no passado sábado, dia 25/10/2014, uma equipa, ao Serviço da Liga Portuguesa Contra o Cancro, constituída pelos voluntários,  Emília Gonçalves, António Machado, Cristiana Alves, Paula Alves, Daniela Prada, Cátia Fernandes, Carina Rodrigues, Manuel Sampaio, Bruna Estevinho e Dinis Pires, liderada pelo Professor Doutor, Leite Moreira, levou a efeito uma ação inédita de Consultas de Diagnóstico Precoce de Cancro Oral, junto da população prisional Brigantina.
Independentemente do número de reclusos que foram observados, cerca de três dezenas, ficou-me na minha memória a postura de todas as pessoas que participaram nesta ação de voluntariado. Tratou-se, com efeito, de uma grande manifestação altruísmo para ajudar a compreender que o verdadeiro segredo da vida é estar atento aos outros, sobretudo aqueles que mais precisam, ajudando e criando pontes que aproximem e unam, expressão de amor ao próximo e de encontro na partilha da própria vida que potencia o bem estar e a alegria.
De salientar que, para além da instituição anfitriã e da Delegação de Bragança da Liga Portuguesa Contra o Cancro, estiveram envolvidas nesta meritória atividade de solidariedade, a Associação Portuguesa de Medicina Dentária Hospitalar, o Lions Clube de Bragança e a Delegação da Cruz Vermelha desta cidade.
Termino com uma citação da voluntária, Daniela Prada, médica dentista, “o voluntariado é um o processo de somar alegrias, diminuir males, multiplicar esperanças e dividir a felicidade.”

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