A opinião de ...

A chegada da luz e o acordar do rebanho

Como gosto, Jesus, das tuas imagens expressivas de agricultor experiente! Não me digas que aprendeste a jungir bois, que conduziste um arado, que tocaste o burro até ao moleiro?! Certamente! Como filho de carpinteiro terias certamente mexido na serra, na plaina, no formão e no martelo. Mas até me parece terias chegado a pastorear rebanhos. Uma verdadeira arte, pelos montes de Nazaré, grande parte do ano áridos e estéreis. Ou a estima que revelas ter pelos pastores vem de ouvires contar à tua mãe que eles foram as primeiras visitas que tiveste ao nascer? As tuas palavras sobre a ciência do pastoreio são tão eloquentes que as retomo ao refletir sobre a graça que a nossa diocese tem, ao ser constituído como seu pastor D. Nuno Almeida. Obrigada, Jesus!
Lembro-me das madrugadas da aldeia quando, lá fora, progride um festival de balidos e chocalhos. “Já serão horas de levantar?!”, perguntamo-nos. Olhamos as frinchas da persiana e uma claridade magra se insinua na penumbra. Ainda não nasceu o sol. Mas o Pastor não apenas sabe que o Astro Rei não tardará, mas que está incessantemente aceso no círio pascal. O Pastor dialoga com as estrelas e com os sonhos, fora do sono. Por isso acorda o rebanho, na hora precisa, e lhe diz: “Não vos deixeis resignar e não vos canseis de sonhar o sonho de Deus para a nossa Diocese e para o nosso mundo.”
Estes meses de “jejum” e de advento, fizeram-nos valorizar melhor a graça de ter um Pastor.
O Pastor tem a missão de acordar. Ele é uma sentinela, porque conhece os movimentos da luz e traz aceso aquele canto que na Vigília Pascal entoamos: “Que ele (círio) brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã, Aquele astro que não tem ocaso, Jesus Cristo, vosso Filho, que, ressuscitando de entre os mortos, iluminou o género humano com a sua luz e a sua paz, e vive glorioso pelos séculos dos séculos”.
Mal desponta a aurora, D. Nuno Almeida apela: “Que os vossos braços nunca se cansem e o vosso coração continue a abrir-se generosamente à construção de uma Igreja viva animada pelo Espírito do Senhor Ressuscitado.”
É com o pensamento na luz que também nos anima a Palavra de S. Paulo: “A noite adiantou-se e o dia está próximo. Despojemo-nos, por isso, das obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. (Rom 13, 12)

Ir. Maria José Oliveira, sfrjs

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