A opinião de ...

“Muito aprende o estudante, muito mais o viajante”

- Olá Pe. Hérmino, então como vai?
- Olá capelão! Não vou, estou deitado. Então já faz um tempo que não falamos para o jornal? Agora descobristes os frescos, não queres outra coisa!
- É verdade, no último número [3840] despertou-me a curiosidade e, fui investigar a técnica […]. Hoje, começo a meter pés ao caminho, como quem diz, a abrir o livro de história, para visitar os locais onde se pintaram os mais importantes frescos. Não é o Sr. que diz: “muito aprende o estudante, muito mais o viajante” e, Sto. Agostinho referiu também: “o mundo é um livro e aquele que não viaja lê sempre a mesma página”. Já agora, sem me querer justificar, Lao Tzu dizia também: “um bom viajante não tem planos fixos e não pretende chegar de viagem”, também eu tive que alterar os meus e, agora afeiçoei-me à estrada […].
- Ora, não era Andersen que dizia: “viajar é viver”? Deixa então que te acompanhe […].
- Sabia que o mais antigo dos museus de arte se situa nas grutas de “Lascaux”, em França? Aí se guardam os registros mais antigos da pintura a fresco, cerca de 1500 gravuras de uma diversificada fauna, com mais de 30.000 anos, bem se pode dizer que a pintura mural a fresco é precursora dos outros estilos de pintura.
Mas, foi em Creta, com os Minoicos, durante a Idade do Bronze, que se aplicaram os pigmentos diretamente sobre cal fresca. A pintura a fresco mais famosa deste período é o Toureiro de Minos [“Knossos”, Creta, 3000 -11000 a.C.].
Também os Maias usavam pigmentos naturais para criar cores brilhantes, que ainda hoje intrigam os cientistas, o azul maia, criado supostamente do índigo e outro material [azul-violeta].
Gregos e Etruscos utilizam o azul egípcio e uma cor escura assente no magnésio. Em "Paestum", cidade Grega, ao sul de Itália, ficou conhecido o fresco do túmulo do nadador, do ano 470 a.C., um dos únicos sobreviventes da pintura mural grega do período arcaico.
Os Romanos herdando os métodos Gregos, continuam a nomear processos e pigmentos, que ainda hoje se usam, tais como o “sinopo romano”, ocre vermelho, para desenhar a base do fresco. Artistas de Herculano e Pompéia pintam a maioria dos murais com um processo de emulsão de cera, aglutinante para pigmentos. Com o advento do cristianismo, especialmente nas catacumbas em Roma, a arte cristã apresentava murais pintados a fresco, estilo popular entre os artistas do Mediterrâneo e da Turquia.
Na Ásia, inspirados na mitologia budista, pelo ano 200 aC, surgem os primeiros frescos, com técnicas muito semelhantes às europeias, nas cavernas de Ajanta, na Índia e, na rocha Sigiriya, no Sri Lanka [séc. V aC]. Na rocha Sigiriya, pode apreciar-se a pequena coleção conhecida por “frescos de brilho”, usou-se uma cola especial, pigmentos resistentes à alcalinidade da cal húmida e, à exposição solar. Estes materiais conferiram-lhe uma maior durabilidade, que há mais de 1600 anos lhes permite resistir às intempéries.

Edição
3841

Assinaturas MDB