Ano de 2024 marcado por prémio, protestos e polémicas na política

O ano dos quatro PPs. É assim que se pode resumir o ano de 2024 no Nordeste Transmontano, que começou com o Mensageiro de Bragança a receber o prémio Gazeta para a Imprensa Regional, no início de janeiro, em Lisboa, poucos dias depois de se completarem 84 anos desde a fundação do jornal diocesano.
Estava encontrado o primeiro P, do prémio, o mais importante da imprensa em Portugal e inédito para um jornal de todo o Trás-os-Montes.
O mês de janeiro terminaria com uma tragédia, já que um incêndio consumiu parte da cobertura do Mosteiro Trapista de Palaçoulo (Miranda do Douro). O Mosteiro viria a ser notícia mais tarde ainda em 2024 com a inauguração da totalidade do complexo, cinco anos depois do início da obra, um marco histórico para o Nordeste Transmontano.
Fevereiro de protestos
O mês de fevereiro arrancou, depois, com uma grande onda de protestos dos agricultores do distrito de Bragança, que encerraram a circulação nas principais artérias do distrito e forçaram mesmo a presença da Ministra da Agricultura de então, em Macedo de Cavaleiros, para negociar olhos nos olhos.
Era o segundo P em destaque no ano de 2024.
Uma onda de protestos cuja gota de água foi o atraso no pagamento dos subsídios previstos, para além de toda a conjuntura inflacionista que afeta o setor, com a subida dos preços dos combustíveis e dos adubos.
Já o mês de março ficou marcado pelas eleições Legislativas, que provocaram uma sucessão de acontecimentos no Nordeste Transmontano. Desde logo, o facto de Hernâni Dias encabeçar a lista do PSD pelo distrito de Bragança levou-o a suspender o mandato de presidente da Câmara de Bragança, ao fim de dez anos, tal como Nuno Gonçalves em Torre de Moncorvo.
Os dois acabariam por sair definitivamente das duas autarquias quando foram eleitos deputados, num ato eleitoral que marcou uma viragem à direita no distrito, dois anos depois de o PS ter ganho.
Alterações na Política a partir de março
Hernâni Dias, que acabaria por ser nomeado Secretário de Estado do Ordenamento do Território e Administração Local acabaria substituído pelo seu vice-presidente de sempre, Paulo Xavier, enquanto Nuno Gonçalves foi substituído pelo antigo chefe de gabinete, José Menezes.
Ainda em março, o Grupo Desportivo de Bragança sagrou-se campeão distrital de futebol e garantiu o regresso ao Campeonato Nacional.
O mês de abril trouxe a Bragança o maior encontro nacional de alunos de Educação Moral Religiosa Católica (EMRC) e as comemorações dos 50 anos do 25 de abril.
Na edição desse dia, o Mensageiro recordou como a região viveu os dias que se seguiram à revolução dos cravos.
Abril trouxe acidentes
Em abril, os acidentes com tratores no distrito começaram a fazer notícias. A conclusão a que se chegou no final do ano é que houve menos acidentes contabilizados pela GNR mas que provocaram efeitos mais nefastos, com mais mortes e mais feridos graves.
Ao todo, em 2024, morreram oito pessoas no distrito em acidentes de trator ou com alfaias agrícolas.
O fenómeno prolongou-se pelo mês de maio.
Mais um sacerdote em maio
Para além da feira das Cantarinhas, o mês de maio proporcionou à diocese a ordenação de um novo sacerdote, com João Paulo Pereira, em Macedo de Cavaleiros.
Também o crescimento da violência doméstica no distrito foi notícia este mês.
Junho de mobilidade
No mês de junho ficou a garantia de que a ligação à Puebla de Sanábria terá continuidade do lado espanhol, permitindo viajar com mais rapidez e conforto até à estação do comboio espanhol de alta velocidade, o AVE.
Depois de se ter cumprido um ano sobre a tomada de posse do bispo D. Nuno Almeida, também foi apresentado o projeto do novo aeroporto regional em Bragança, uma obra que pode ajudar ao crescimento da regiãio.
Pintora Graça Morais em destaque em julho
O mês de julho de 2024 ficou marcado pelos 50 anos da carreira da pintora Graça Morais, natural do concelho de Vila Flor, mas que dá nome ao Centro de Arte Contemporânea de Bragança.
Agosto e os incêndios
Para além das férias e da chegada dos emigrantes, com as romarias nas aldeias a estenrem-se pelo verão, o mês de agosto é, também, um mês de sobressalto para os bombeiros e o de 2024 foi especialmente difícil para os do Nordeste Transmontano. Trovoadas secas provocaram os primeiros grandes incêndios do país, em Montesinho e em Miranda do Douro.
Incêndios que provocaram grande sobressalto em Bragança, com as chamas em Montesinho a serem vistas da cidade, e graves prejuízos com castanheiros queimados e armazéns, tanto em Bragança como em Miranda do Douro e Vimioso.
Por outro lado, foi em agosto que se abriu o processo de canonização da Irmã São João, das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado.
Polémicas chegaram com o mês de setembro
O final do verão foi particularmente quente no Nordeste Transmontano, sobretudo no concelho de Bragança, com as eleições na concelhia do PSD a terem dois candidatos pela primeira vez desde há oito anos.
Alex Rodrigues e Telmo Afonso digladiaram-se para suceder a António Batista, com o primeiro, presidente da Junta de Freguesia de Pinela, a derrotar o segundo, presidente da União das Freguesias de Sé, Santa Maria e Meixedo. O ato eleitoral foi extremamente participado mas o processo abriu feridas que ameaçam provocar dores pelo menos até às eleições autárquicas.
Ainda em setembro, arrancou a requalificação há muito esperada da estrada entre Bragança e Vinhais.
Ainda no campo das ambições, o Município de Mogadouro anunciou a intenção de candidatar a vila ao processo de elevação a cidade, que seria a quinta do distrito de Bragança. Caso se venha a confirmar, Mogadouro junta-se a Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Miranda do Douro.
O mês de setembro fechou com a Festa da Solidariedade da Confederação Nacional das IPSS, que este ano escolheu o distrito de Bragança para acolher este evento nacional.
Mosteiro e mau tempo em outubro
O mês de outubro foi o mês da inauguração do Mosteiro Trapista Santa Maria Mãe da Igreja e em que o mau tempo provocou estragos avultados na agricultura transmontana.
Desde a maçã de Carrazeda de Ansiães à fileira da castanha, em Bragança e Vinhais, e à oliveira em Mirandela, foram várias as culturas afetadas pelo vento que se fez sentir nestas paragens.
Mas o pior estaria para vir em novembro.
Mais protestos em novembro com a ameaça das minas
Em boa verdade, o processo começou bem antes, em abril. Contudo, só no início de novembro é ue as populações dos concelhos de Bragança e Vinhais se aperceberam, de facto, do que estava para acontecer, com o final do processo de consulta pública, a 04 de novembro.
Numa mobilização rápida e sem precedentes na região, as populações das comunidades rurais uniram-se e fizeram ouvir a sua voz, levando as juntas de freguesia do concelho de Bragança e Vinhais e as duas Câmaras Municipais a mudarem a sua posição inicial, de expectativa, para a recusa absoluta do projeto de prospeção e exploração mineira na Serra da Nogueira.
Ainda em novembro, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM apanhou o Governo de surpresa e levou mesmo à morte de duas pessoas no distrito de Bragança alegadamente pelo atraso no socorro em situações de emergência.
Dezembro do anúncio de Paulo Xavier
Paulo Xavier, presidente em exercício da Câmara de Bragança, não quis terminar o ano sem anunciar a sua candidatura nas eleições autárquicas do próximo ano. Aconteceu em plena aAssembleia Municipal. Esqueceu-se foi de revelar se será pelo PSD ou numa candidatura independente.
Também o Partido Socialista já revelou que Isabel Ferreira será a candidata na capital de distrito.
Em Mirandela, a socialista Júlia Rodrigues surpreendeu ao anunciar, nas redes sociais, que não se vai candidatar a um terceiro mandato à presidência da Câmara, por “razões pessoais”.