Carros voadores e polícias robôs foram algumas das sugestões das crianças que passaram a obra de arte

Carros voadores, polícias robôs e uma cidade habitada por pinguins e unicórnios. Estas foram algumas das visões de crianças dos primeiro, segundo e terceiro ciclos de escolaridade que responderam ao repto da Câmara de Bragança sobre a forma como viam a cidade em 2050.

Das várias sugestões, que incluíam, também, uma cidade mais verde e amiga do ambiente, nasceu um mural, com recurso a Inteligência Artificial, que foi pintado no passado fim de semana numa das fachadas do forte de S. João, onde funcionam os Paços do Concelho, no âmbito da edição deste ano do SM’ARTE, o festival de arte de rua.

O mural foi pintado por Frederico ‘Draw’ e Rodrigo ‘Contra’, do projeto Ruído, que participam neste festival desde o seu início, há seis anos.

“Poder fazer um trabalho diferenciado acaba por ser interessante.

Foi um processo a que não estamos habituados. Passou pela Câmara perguntar às crianças e jovens da cidade como seria a cidade no futuro. Foi-nos passada essa informação, com uma série de frases. Depois foi trabalhá-las com a IA e não foi um processo fácil.

Não tínhamos experiência nessa área e depois encontrar um projeto que fosse interessante de pintar, e dentro do nosso registo. É preciso estar quase a desenhar com as palavras.
Tivemos de perceber como conseguíamos manobrar as prompts até conseguir gerar estas imagens e estamos bastante satisfeitos com o resultado. Parece um projeto nosso, está dentro do nosso registo, dos nossos sistemas de trabalho”, explicou Draw.

“Tivemos coisas que nos parecem quase evidentes, no sentido de Bragança mais ecológica, mais sustentável. Tivemos algumas que também quisemos incluir por partir do imaginário de uma criança que se calhar já não era tão evidente, como polícias robôs, carros robôs, que Bragança vai ser habitada por pinguins... coisas que apareceram que foram interessantes. Por exemplo, ‘Bragança vai ter uma loja do Benfica’; ‘vai ter princesas a voar em unicórnios’... Tentámos adaptar algumas que nos pareceram mais verosímeis com algumas do imaginário mais infantil e tentar fazer esta mistura”, explicou.

Este foi um dos seis murais executados este ano, como o da sede do Nordeste Automóvel Clube, alusivo à EN 263.

“Tivemos contributos muito interessantes e com preocupações bastante evidentes no que toca à sustentabilidade, nomeadamente ambiental. Transformar Bragança numa cidade mais verde, mais sustentável, encaixa na estratégia do próprio Município e nas orientações da própria União Europeia”, frisou o vereador Miguel Abrunhosa.
O mesmo responsável frisa que este festival já atrai “visitantes à região”, até porque o município “integra um roteiro internacional de arte urbana”.