Nordeste Transmontano

Entrevista a António Marçôa: “Concursos para clínicos ficam desertos”

Publicado por António G. Rodrigues em Seg, 2015-02-16 11:38

Das 105 vagas que abriram, apenas 15 foram ocupadas. Presidente da ULS do Nordeste faz o balanço do primeiro mandato e aponta algumas das prioridades para os próximos três anos. E revela que vai abrir bolsa de contratação para pessoal.
 
Mensageiro de Bragança: Enquanto houve a reorganização administrativa da ULS nos últimos três anos, os cuidados de saúde ressentiram-se?
António Marçôa:
Tivemos algumas dificuldades nos cuidados de saúde primários, com a saída de alguns profissionais que não foram substituídos…

 
MB.: Mas não foram por não haver autorização para novas contratações ou por não haver o interesse dos clínicos em vir para cá?
AM.:
Pelo segundo motivo. Tivemos autorização para contratar, as vagas abriram – até temos duas preenchidas em centros de saúde e vejo isso com muita satisfação -, pois Moncorvo e Alfândega da Fé não estão bem. Mas a grande questão é que abrimos concursos mas ficam desertos. Abrimos mais de cem lugares no total, preenchemos 15 e, desses 15, já saíram três. Veja a dificuldade que temos. Aqui é que a política tem de ser alterada. Tem de haver uma política de fixação de quadros no Interior. Se não, vamos ter sempre este problema.
Ao nível dos cuidados de saúde primários, com estas admissões, tenho algum otimismo. Mas, se fôssemos analisar tendo por base os critérios de competitividade, até não estávamos mal. Temos X médicos e X população. Por exemplo, com 134 mil habitantes, se tivermos cem médicos, temos uma média de 1300 habitantes por médico. Os indicadores em Lisboa utilizam 1500 até 1900. Mas isso não pode ser visto dessa forma, porque tenho 14 centros de saúde, disseminados em cada um deles. Por exemplo, 134 mil habitantes é um bairro no litoral. Concentram tudo no mesmo edifício, uns substituem os outros. Aqui, tenho centros de saúde com quatro médicos. Com férias e baixas, não dá. Tenho de ter uma política a nível da análise dos nossos recursos humanos, que calcule certinho o que precisamos. Tenho de ter uma política cuidada nas férias. Temos de aumentar o rigor na gestão, a eficiência, para compensar o que nos falta à partida.
Não estamos ainda bem, porque temos muitos médicos já com mais de 50 anos. Fazem serviço nas urgências e na triagem. Não conseguimos ter tudo. Por isso, com o envelhecimento dos profissionais, a falta de atratividade dos médicos para o Interior.
Há que haver outra visão do Governo para fixar e incentivar a fixação desses profissionais e, depois, temos ameaças nos cuidados hospitalares. Há serviços onde temos falta de recursos.
Na Obstetrícia, felizmente foram-nos concedidas duas vagas e espero que sejam preenchidas pois, com cinco profissionais apenas (e um estando de baixa) é extremamente difícil ter um serviço de Ginecologia Obstetrícia a funcionar 24 horas por dia.
 
“Havia serviços em risco por falta de clínicos”
 
(Entrevista completa disponível para assinantes ou na edição impressa)

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