Entrevista ao Secretário de Estado da Economia

"Estradas Vinhais-Bragança e Bragança-Puebla de Sanábria vão avançar"

Publicado por António G. Rodrigues em Sex, 2022-05-27 14:49

Aproveitando a passagem por Bragança do Roteiro para a Competitividade, promovido pelo Governo, o Mensageiro de Bragança esteve à conversa, em exclusivo, com o Secretário de Estado da Economia, João Correia das Neves, que aproveitou a presença no distrito de Bragança para uma conversa com empresários da região e para visitar algumas estruturas produtivas. Uma conversa em que se apontam caminhos para os empresários transmontanos.

 

Mensageiro de Bragança: Que diagnóstico traça do distrito de Bragança?
JNC.:
Estamos com um dinamismo positivo. Globalmente, no país, e também aqui no distrito. Durante a pandemia conseguimos manter o essencial das nossas capacidades produtivas. Mesmo nesta fase mais difícil, os níveis de investimento na região foram interessantes, quer no domínio empresarial quer noutras condições de funcionamento da sociedade. Não estamos num período em que as intervenções dos empresários e da sociedade se estruturem à volta de dificuldades, numa lógica de que fomos resistentes numa fase e agora temos de aproveitar o que temos de bom para uma solução mais forte e competitiva. O diagnóstico não foi feito à volta de dificuldades mas de oportunidades e como podemos explorar melhor as capacidades que já temos, atrair mais investimento, atrair mais gente. Onde há atividade económica normalmente há capacidade de gerar empregos, mais qualificados, capacidade de atrair pessoas de outras regiões ou mesmo de fora do país e uma lógica muito virada para as exportações.
Temos aqui um tecido económico que é feito de pequenas empresas, é certo, mas o valor das exportações já são interessantes.

MB.: De que forma é que poderá ser feita essa parte de atrair pessoas e investimento para a região?
JNC.:
Hoje temos dificuldades em todo o país de ter trabalhadores para as atividades. É uma das nossas principais dificuldades. É o lado bom de uma taxa de desemprego muito baixa. Temos de aproveitar melhor os trabalhadores que temos. Temos de automatizar ao máximo atividades, sobretudo na indústria, onde isso é mais possível, para aproveitar melhor os trabalhadores que temos. E temos de ser uma sociedade aberta, ser capazes de integrar os trabalhadores que vêm de fora, dar-lhes formação profissional. É muito importante que a estrutura de resposta às necessidades seja orientada para dar competências para aquilo que é necessário que as empresas tenham.
É algo que vamos ter de fazer em conjunto, quer as autoridades nacionais, quer locais, quer as próprias estruturas associativas empresariais. Temos instrumentos em vigor, como o tecvisa, que permite ir buscar fora trabalhadores qualificados e ter um processo simplificado de integração desses trabalhadores no país. Temos de utilizar melhor os instrumentos que temos e, porventura, construir outros que sejam mais adequados à situação. Ou seja, temos de atrair pessoas e automatizar os processos para que a atividade tenha níveis de produtividade mais elevados.

MB.: Nesta região, que oportunidades se abrem para os empresários nos próximos quatro anos e que instrumentos vão ter à disposição para melhorar as suas empresas e os seus negócios?
JNC.:
Os instrumentos vão ser de discriminação positiva em relação aos territórios do interior, na linha de continuidade com o vinha a ser feito. Em muitas áreas, temos taxas de apoio aos territórios do interior superiores aos que existem nas outras regiões e, sob o ponto de vista da fiscalidade, uma carga fiscal para as atividades económicas nos territórios do interior mais baixa do que a taxa fiscal geral do país, nomeadamente para as micro e pequenas empresas. Vamos dar continuidade a estes instrumentos de discriminação positiva. Têm vindo a ser interessantes porque os valores de captação de investimento nas regiões do interior já são superiores à média da sua presença económica, o que indica que há um esforço dos instrumentos de apoiar mais o que se faz no interior.  Mas isto tem de ter continuidade e ser independente dos ciclos políticos. As pessoas têm de perceber que há aqui uma orientação deste Governo mas que é do país para reforçar estes instrumentos. Não há nada pior do que ter instrumentos que estão a funcionar e depois durante dois anos não existem ou são criados outros piores e depois volta-se a tentar e quebra-se a linha de continuidade. Esse é o papel das instituições centrais do Estado mas também dos poderes regionais, como as CCDR, das Comunidades Intermunicipais.

 

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