A opinião de ...

O Aviso

O discurso de Trump na Assembleia Geral da ONU, na 75.ª reunião da Assembleia, foi antes um aviso do que a participação exigível pelos estatutos sobre a definição e proposição nas responsabilidades do todos os Estados membros na urgente necessidade de estabelecer a abalada ordem mundial pela crise ameaçadora do Covid-19.
O ambiente deste século sem bússola exige da ONU o respeito e participação na cooperação global, a que o orador se negou em reunião anterior da Assembleia. Pelo que toca ao anuncio da intervenção tratou de salientar a especial ameaçadora política que assume em relação à China, e a motivação, o que leva a recordar que o General Ben Hodges, ao terminar o seu comando na NATO, avisou que dentro de quinze anos haveria guerra entre os EUA e a China.
Felizmente o Presidente será necessariamente outro, capaz de recordar a proeminência que o globo reconhece à intervenção global dos EUA, e continuará a ter e cumprir o dever que o seu país assumiu em relação à estrutura global da ordem, desenvolvimento e paz. O que não tem sido omitido pelas intervenções americanas que proclamam que a sua ética global está em crise causada pelo populismo em que se apoiou o Presidente em exercício. É extremamente inquietante para os que assumiram a validade do que implicou a evidência que, como reconheceu a Europa, nenhum Estado tem hoje a capacidade de enfrentar isolado e com êxito, a evolução ameaçadora da crise global. No dia do breve, mas ameaçador, discurso na Assembleia da ONU, seguiu-se que o brexit arrisca de efeitos negativos a ordem do Reino Unido, a inquieta situação da Irlanda, a desordem da América Latina, a dificuldade das antigas colónias passarem do colonizador governo extrativo aos regimes democráticos, o mar considerado em situação perigosa, a multiplicação do nuclear a exigir uma intervenção amortecedora, porque os desastres serão impiedosos. O breve orador da Assembleia Geral dos 70 anos da ONU mostrou a perigosa imaginação da America First, ignorando a ameaça em curso à vida dos povos sem distinção de etnias, religião ou poder. O ainda Presidente dos EUA, pareceu desastradamente incumbir o seu Embaixador em Lisboa, de se permitir avisar o Governo Português de ser por ele sancionado se valorasse as relações com a China, uma espécie de aviso a múltiplas soberanias europeias, africanas, e orientais. Trata-se de um infeliz corolário do anúncio America Great Again, que demonstra a ignorância do aviso do desastre das Torres Gémeas, em 11 de setembro de 2011.
O Presidente Bush avaliou, com serenidade de estadista, o desafio: “é tarde para os homens, é cedo para Deus”. Trump não conheceu a circunstância do aviso.

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