A PSP que temos
A JMJ2023 chegou ao fim. Correu bem. Muito bem mesmo. Estão de parabéns todos os que trabalharam e deram o seu melhor para que tal acontecesse. No planeamento estratégico, operacional e tático. Na execução dos planos, em todas as áreas. Ao ponto de a figura máxima, Sua Santidade o Papa Francisco ter publicamente reconhecido e agradecido dizendo que “ a JMJ de Lisboa foi a mais bem organizada que já vi até hoje”.
Também foi excelente no que à segurança propriamente dita diz respeito. Não é fácil planear o policiamento de uma cidade onde aparecem, de um dia para o outro e permanecem durante vários dias, quase um milhão de jovens, originários de todo o mundo, com eventos em locais distintos, nos quais os jovens querem tomar parte, porque afinal era para eles que estava preparada a festa. O empenhamento da PSP e dos seus profissionais foi total. Muito se falou e escreveu sobre o corte temporário do direito ao gozo de férias, da deslocação massiva de todo o país para reforçar o Comando Metropolitano de Lisboa, da miséria paga diariamente em ajudas de custo, da dificuldade de alojamento e mais importante ainda da falta de motivação atual dos polícias. Tudo foi ultrapassado. Os polícias sentiram-se envolvidos e envolveram-se seriamente no espírito da JMJ e deram o seu melhor. Aliás, como sempre fazem e está provado e é reconhecido pelos cidadãos.
Na sondagem que o Expresso realizou por ocasião do Dia de Portugal, cujos resultados publicou na sua edição do dia 09.06.2023, sob o título “Retrato de um país profundamente insatisfeito”, a Polícia, no geral, foi a instituição em que 79% dos portugueses disseram que confiavam. Foi aos polícias, jovens polícias, que os cidadãos aplaudiram, com palmas e vozes de incentivo, nesta JMJ, cujo vídeo foi divulgado nas redes sociais e do qual nenhum jornal ou TV fez notícia, que eu tenha notado. Com uma exceção. Alfredo Leite, diretor-adjunto do Correio da Manhã, publicou um curto artigo de opinião, no mesmo jornal, na pag. 5, da edição do dia 5 de Agosto, com o título “Perdido na JMJ” e subtítulo “A PSP a que temos direito”. começa por escrever que “por definição, a maioria de nós não gosta muito de polícias, porque representam uma autoridade que, por regra, reprime”. Acrescenta a necessidade de a tolerância policial ser próxima do zero no policiamento de um evento como a JMJ para controle de multidões. Acrescenta que “… nesta JMJ estamos a ver uma atuação da polícia que é rara. Firme mas civilizada e educada”. A seguir refere que “… um grupo numeroso de polícias… foi saudado por um ininterrupto aplauso pelos milhares de pessoas que esperavam para ver o Papa Francisco passar”. Após mais algumas considerações, termina com um apelo: “Esta é a PSP que queremos. Merece outro aplauso”. Está também de parabéns e merece o meu aplauso, senhor director-adjunto. Tem andado mesmo “perdido” e muito distraído. Afinal, na mesma sondagem, só 44% da amostra confia na comunicação social. Porque esta é a nossa PSP. Dizem-no os portugueses. Nesta JMJ, no Euro 2004, em milhares de eventos e operações diárias. Apesar de a polícia só ser notícia, em regra, quando a “coisa corre para o torto”.