A opinião de ...

Comprometimento

Enquadrado nos 80 anos da Consagração do Concelho de Alfândega da Fé ao Coração Imaculado de Maria, aquela vila acolheu o congresso denominado “IMPLICA-TE”, que contou com a intervenção do bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida, a fechar os trabalhos (ver noticiário na página 24).
Na sua intervenção, o prelado falou sobre “a importância do empenho e compromisso de cada um no processo transformador e edificador de uma sociedade mais humana, justa e equitativa”. Tudo isto “a partir da perspetiva crente, visando uma sociedade de filhos amados e irmãos” pois, segundo disse D. Nuno, “temos consciência de que a luz da fé nos filializa, fraterniza e humaniza”.
Mas D. Nuno Almeida disse ainda que até a escolha do verbo para nome do congresso (Implica-te) não foi ao acaso: “É um verbo que gera inquietação, reflexão, doutrina, planeamento, mudança e compromisso. E a colocação de uma cruz no lugar do “t” tem como propósito recordar-nos o testemunho maior que algum dia a humanidade pôde conhecer e viver: o amor de Deus visibilizado na Cruz Redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Cruz é a prova inefável do amor. É o amor em SIM maior! Aliás, é o prémio do amor. Envolvidos, motivados e cimentados neste Amor, queremos indicar o roteiro para a mudança em ordem ao desenvolvimento integral da pessoa humana nas suas mais distintas idiossincrasias”.
No mundo em que vivemos, nota-se cada vez mais a noção do significado deste verbo. Há cada vez menos a noção de compromisso e responsabilidade.
D. Nuno Almeida lembrou que “toda a atitude implica a existência de um suporte ético e moral que a sustenta e a justifica. Portanto, as validações das nossas atitudes devem ser justificadas no (nosso) código ético-moral judaico-cristão, o mais humanista, o mais integral e o mais integrante dos códigos éticos”.
Sem implicação de todos, dificilmente se atingem objetivos.

Os protestos dos agricultores prometem não baixar de tom nos próximos tempos. Por entre o risco de instrumentalização por partidos mais ou menos extremistas nesta fase da nossa vida em que tantos atos eleitorais se aproximam, o coração da força de trabalho do Nordeste Transmontano pede para ser ouvida e, para isso, promete trazer para a rua o troar dos tratores.
A questão é que a voz de protesto não se limita às fronteiras nacionais. É ouvida em Espanha, França, Itália e tantos outros países da União Europeia.
É nestas ocasiões que me vem ao pensamento sempre uma ideia: quando vamos numa autoestrada e vemos todos os carros a virem na nossa direção, se calhar somos nós que seguimos em contra-mão.

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