A opinião de ...

Arrepiai Caminho…

Dizem que o universo nasceu de uma massa comum, que explodiu, criando um sem número de galáxias que se encontram em expansão. Estas galáxias, como também nos ensinaram, são compostas por um número incontável de estrelas, planetas, cometas e outros nomes que só os entendidos conhecem.
Aqui, neste pequeno fragmento com o nome de Terra, germinou a vida. Condições especiais fizeram com que aparecessem primeiro, dentro da espécie animal, os animais de grande porte. Durante milhões de anos foram reis e senhores do fragmento. Guerrearam entre si e ficou a saber-se que o mais forte vencerá. Até que um dia, está escrito nas pedras, um dos calhaus fragmentados, com orbita de colisão chocou com o nosso planeta. Uma nuvem colossal de poeira agigantou-se rumo ao Cosmos obstruindo os raios solares. Abafou a vida e matou tudo que respirava. A era dinossáurica chegara ao fim.
Este ventre, do qual todos dependemos, demorou mais uns milhares de anos a recompor-se. Acabou por parir de novo, lançando à vida milhões de espécies, do mundo animal e vegetal. Tinha renascido uma das mais geniais criações celestiais, a natureza. Os mares e os rios ajudaram a flora e a fauna a desmultiplicarem-se em mil e uma variantes. A Natureza, húmus materno milenar, filha divina do ente cósmico, deu à luz o ser mais fascinante e complexo, o homem.
Desde cedo se distinguiu de todos os outros pelas tentativas milenares em atingir a posição erecta. É com altivez desmedida que se acha o senhor dos mundos. Em viagens marítimas, rumo ao obscuro, fez com que os povos se conhecessem uns aos outros. Em viagens planetárias de arrepiar fez com que o mundo conheça outros fragmentos da explosão inicial. A Lua, Marte, Vénus, Júpiter e tantos outros estilhaços da grande explosão vão aparecendo aos olhos esbugalhados do bicho homem.
Mas aqui, na nossa terrinha, este ser minúsculo, não pára de desafiar as leis do equilíbrio natural. Em nome do progresso, em nome do poderio efémero os mares e os rios vão sendo agredidos bem como o ar que nos faz respirar a todos. Os átomos foram desafiados à junção, em bomba destruidora que fez abalar as entranhas da terra. Na Terra o núcleo em fusão produz o magma que, contido em panela de pressão explosiva, ribomba de quando em onde, ajoelhando a espécie humana em preces apaziguadoras. De quem teme.
O homem tem-se rido. Não tem entendido que tem maltratado a mãe. É um filho ingrato que nem as mensagens sabe ler. Os ventos ciclónicos, as cheias repentinas, os glaciares em movimento, a crosta terrestre que treme ciclicamente, os frios de enregelar, as temperaturas de asfixiar, a baralhação das estações climáticas são sinais evidentes que transmitem uma mensagem de pequenez ao irrequieto bicho homem. Que nada tem entendido.
Contam as lendas e os escritos que perante um dilúvio universal, Noé salvou espécies animais e vegetais para dar continuidade à vida terrena. Uma vez que não é possível construir outra Arca ou o homem põe a mente ao serviço da razão ou a era humana sucumbirá. Será que estão à espera de mais algum sinal?
Depois do inferno dos fogos e das dantescas cheias que assolaram a Europa, o mar dos céus cai nas Américas e, Ida, o furacão, o mais destruidor a nível económico de todos os tempos, chegou apocalíptico, de força nuclear, soltou ventos tenebrosos, agigantou as ondas, afogou e ajoelhou gentes, semeou o caos, devastou a intrusão civilizacional e premonizou à humanidade, Arrepiai Caminho…

Edição
3851

Assinaturas MDB