Entrevista a Manuel Martins

"O que se passou na AFB foi uma vergonha"

Publicado por António G. Rodrigues em Seg, 2013-07-15 13:01

Manuel Martins, atual presidente do GD Bragança, falou, em exclusivo ao Mensageiro, sobre a última época e os próximos desafios.

Mensageiro de Bragança: Que balanço faz da época?
Manuel Martins: Foi uma época muito boa. Foi projetada para a subida de divisão, sabendo que era muito difícil mas com trabalho tudo se consegue.

MB: Foi uma época complicada, com várias situações. Saída do ponta-de-lança, do treinador. Como é que foi isso?
MM: Tínhamos prometido que se houvesse um clube da II Liga que quisesse o Samir, deixávamo-lo sair. E cumprimos a nossa palavra. Todos os custos que tivemos até à altura com ele foram-nos pagos pelo empresário dele, o Fernando Meira.

MB: Depois vieram vários jogadores de fora, que acabaram por não acrescentar muito.
MM: Isto é como os melões, nunca se sabe quem são os bons jogadores. Tínhamos boas referências, que seriam bons jogadores e que viriam dar uma ajuda, mas não foi isso que aconteceu.

MB: O que se passou com a saída do Mercelo e do Genésio?
MM: É um bom treinador. Muita gente queria ocupar o lugar dele. Foi uma aposta nossa, que foi ganha porque 90 por cento do trabalho foi dele e do João Genésio. Mas quando perdemos aqui com o Santa Maria foi irreversível, não quis continuar. Havia jogadores que já não estariam nos planos dele e não quis chatear-se. Para bem do GDB, abandonaram. Foram honestos, grandes amigos e estão connosco no coração.

MB: Houve alguma rebelião no balneário?
MM: Não sei. Há rumores de muita coisa, que havia jogadores que, porque não jogavam, ficavam chateados. Já se sabe como isto é, santos da terra não fazem milagres.

MB: A aposta em Rui Vilarinho foi uma aposta ganha?
MM: Sim, foi logo a primeira escolha. Tem traquejo da II Divisão e tínhamos de apostar em alguém que desse seguimento ao trabalho que vinha de trás. É melhor dar seguimento a um projeto de que começar de novo. Assim já soube quem queria e quem não queria e com quem podia contar para começar a nova época.

MB: Já há contratações?
MM: Já contratámos cinco jogadores e, possivelmente, virá mais um ou outro. A II Divisão é mais exigente do que a III e não queremos voltar a cair no abismo de descer de divisão. Queremos fazer um bom campeonato, as contratações estão a ser cirúrgicas, não vamos entrar em euforias, vamos fazer o melhor possível dentro das nossas possibilidades.

MB: Quem são os novos jogadores?
MM: Temos o Vítor, que é uma ajuda do Chaves. É central. O Serginho vem do Fafe e também é central. Temos o Pedro, que vem do Tourizense e é extremo. O Castro, outro extremo, vem do Fafe. Outro Pedro, defesa, veio do Infesta. Estamos a tentar arranjar mais um jogador ou outro para sanar as lacunas do plantel. Falta um avançado e um ponta-de-lança.

MB: Foi difícil montar o orçamento para a próxima época?
MM: O orçamento está montado por natureza. Não podemos ultrapassar os números que temos. É um orçamento limitado, é para continuar a pagar, dentro das nossas capacidades e dos apoios que temos tido.

MB: Será de quanto, 150 mil euros?
MM: É capaz de não chegar, depende do que vamos conseguir da publicidade e dos patrocinadores oficiais.

MB: Foi o primeiro ano em que houve equipa B. É para continuar?
MM: A nossa ideia é continuar. Mas o clube não tem capacidade de pagar aos miúdos da equipa B. Há alguns que têm valor e vão dar o salto para clubes do distrito, como o Vimioso, que vai levar dois ou três, o Argozelo e outros. Se algum clube lhe pagar, não temos capacidade de o manter. Ainda temos muito tempo para pensar nisso. Queremos dar continuidade. Temos nove ou dez juniores, vamos ver o que podemos fazer.

MB: Como vê as eleições na Associação de Futebol de Bragança?
MM: O que estava a acontecer era uma vergonha. Havia clubes com muitas irregularidades. Se um clube não está em conformidade para ir a votos não deve ir. Foram clubes a votos que já não existem. Foi por isso que impugnámos as eleições. E também me senti defraudado pelo candidato da lista B.
Fui contactado uma vez pelo senhor António Ramos para termos uma reunião. Disse que me ligaria e nunca mais me ligou. Acho que o clube mais representativo da cidade devia ter mais respeito. Reuniu com todos os clubes, esteve aqui em Bragança e a nós não disse nada. Senti-me humilhado. E havia muitas ilegalidades. Decidi impugnar as eleições por haver as falcatruas que havia nas duas listas.

MB: Também acusam o GDB de ter utilizado, irregularmente, jogadores da equipa A na equipa B. Confirma-se?
MM: Parece-me que não percebem bem as leis do futebol. Quem os informou andou toda a época a jogar “clandestinamente”. O veneno vem de outros clubes...

MB: Quais?
MM: Não sei. Mas sei que esses clubes não podiam jogar. É uma vergonha. Nós tínhamos todas as autorizações para jogar com a equipa B. Utilizámos jogadores do Grupo Desportivo de Bragança. O comunicado que foi feito [ndr.: comunicado nº 6 da AF Bragança, dizendo que apenas podiam jogar juniores nas equipas B e não atletas seniores, utilizados no plantel principal] é que não devia ter sido feito. E isso não impedia que não jogássemos. São todos do Desportivo de Bragança. Um bom presidente tentaria era saber quantos clubes vai ter a Associação, e a pagar, como nós, que pagamos na íntegra. Ou querem ser presidentes de uma Associação sem clubes? Nunca vi isso acontecer. Quantos mais clubes tiverem é bom para todos. Para a arbitragem, para os adeptos e para a Associação. Mas nós, se jogámos, foi porque estávamos autorizados e isso é um assunto que está ultrapassado.

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