Legislativas'22 - ENTREVISTA A ADÃO SILVA (PSD)

“Vamos bater-nos para que acabe a injustiça da não cobrança de impostos da venda das seis barragens no Douro"

Publicado por Glória Lopes em Qui, 2022-01-27 10:06

Com um pacote alargado de projetos para o distrito de Bragança, Adão Silva, promete que o PSD tudo fará para reparar uma injustiça relacionada com o não pagamento dos impostos das barragens do Douro vendidas pela EDP.
O cabeça de lista do PSD, 64 anos, professor, deputado em nove legislaturas e antigo secretário de Estado da Saúde em discurso direto.
Mensageiro de Bragança: Quais são os projetos que o PSD defende para o distrito de Bragança?
Adão Silva:
O primeiro projeto que defendemos é de índole moral. É que o novo governo, já que este não fez, cobre os impostos devidos pela venda das seis barragens do Douro, no distrito de Bragança, que andarão à vota de 400 milhões de euros. Que faça com eles um fundo de compensação como estava previsto no Orçamento do Estado para 2021, para que todo esse dinheiro seja capaz de atrair, nomeadamente  fundos comunitários, e seja investido no distrito como compensação pela venda das barragens. Foram vendidas por 2, 2 mil milhões de euros. É justo é que parte desse dinheiro, pela via dos impostos, seja reinvestido no nosso distrito.

MB.: Em que setores deveria investido esse dinheiro?
AS.: 
O tal fundo teria uma direção, onde seriam relevantíssimos os autarcas, mas não apenas, também podia ter entidades da administração central, consultores, mas sobretudo os autarcas.  Faríamos investimento no ambiente, agricultura, recuperação de património, urbanismo, acessibilidades inter e intra-municipais, valorização da paisagem, promoção do turismo e das atividades económicas em geral.

MB.: O processo da cobrança dos impostos relativos à venda das barragens está a ser investigado pelo Ministério Público. Não se sabe se a cobrança dos impostos é devida. Não está a pôr o carro à frente dos bois?
AS.:
Nós vamos bater o pé. A candidatura do PSD faz desta ideia a questão essencial na campanha eleitoral. Houve aqui uma grande injustiça e nós vamos bater-nos para que esta injustiça acabe. Não pode continuar, tem que ser corrigida.

MB.: Há outras injustiças, como a estradas prometidas há décadas, que nunca saíram do papel.
AS.:
Sim, há outras responsabilidades do governo que devem ser assumidas. As ligações entre Bragança e os concelhos de Vimioso e Vinhais, bem como à Puebla de Sanábria, são essenciais.  O caminho de ferro até Barca d’Alba, e negociar com Espanha a sua continuidade, é essencial e imperativo.  Fazer o que não foi feito e tem urgência. Como as residências para os estudantes do ensino superior, em Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela. Há um plano nacional, desde 2018, para a construção destas residências. O governo e o secretário de Estado prometeram reiteradamente  350 camas, em setembro de 2019, em cima das eleições e depois não há nenhuma. As que há, em Bragança, foram feitas pela câmara. A construção da Escola Superior de Saúde, visto que a atual está a rebentar pelas costuras, é importante. Logo é preciso fazer. A residência para estudantes em Bragança  é das mais caras do país. Não ajuda as famílias, os alunos e não atrai mais jovens. Não se compreende como não foi feita uma nova Escola Superior de Saúde, cujas instalações estão a rebentar pelas costuras. É preciso boas instalações e perto do hospital.

MB.: Outros projetos?
AS.:
É fundamental que se faça o plano de ordenamento da barragem do Baixo Sabor para lançar as bases para investimento. Sem esse plano aquela área não se desenvolve e é essencial para o investimento.
É preciso concluir e pôr operacional o Plano de Mobilidade do Tua. O governo arrasta isto. Diz que sim, e depois não é.
Mais incentivos para a fixação de empresas, desenvolvimento da agricultura para atrair gente. Nós não podemos continuar a assistir à sangria que se assistiu nos últimos 10 anos. Não pode ser. Temos que criar todas as condições para inverter o ciclo de perda de população e envelhecimento no distrito.

MB.: A tendência de envelhecimento e a fuga de jovens são fenómenos que têm décadas. Não deve existir uma receita mágica. Como é que faria isso?
AS.:
É como estive a dizer. Primeiro fazendo com que haja justiça. Que as pessoas sejam tratadas com igualdade e justiça e não ao pontapé como tem sido aqui no distrito. Segundo, com investimento, em escolas, na agricultura, no desenvolvimento eleitoral, nas estradas, nas ligações internacionais. Incentivos financeiros e fiscais para a agricultara e as empresas. Qualidade na educação e na saúde. É muito preocupante a saída de médicos dos cuidados de saúde primários, por envelhecimento. No princípio de tudo estão os valores: os da justiça e da igualdade são essenciais.

MB.: Não os houve por parte do governo?
AS.:
Este governo foi indecente com os transmontamos e com os nordestinos em particular. Deixou que a EDP fizesse um negócio o por 2,2 mil milhões de euros. Anda a enganar-nos a todos.

MB.: Estas propostas serão suficientes para o PSD reeleger dois deputados pelo distrito?
A.S:
Quem vai falar é o povo no dia 30 de janeiro. Agora eu lembro que da última vez tivemos o melhor resultado do país.  Se o povo entender que nós merecemos, assim será.

MB: O vosso objetivo é manter os dois deputados, num cenário realista?
AS.:
Claro. O povo é sábio.

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