Eleições Presidências 2026, e se...
Está cumprida mais de metade da série de debates, do todos contra todos os candidatos a presidentes da república para o próximo mandato, que se segue ao massacre selvagem, sem dó nem piedade, a que foram sujeitos os eleitores durante o ano de 2025, com entrevistas sem fim, eleições e mais eleições, numa cadência tal que não dava para respirar, durante as quais, assim como muito do que se disse nunca deveria ter sido dito, pela mesma razão, também, tudo o que fico por dizer deveria ter sido dito, assim houvesse alguém com a lucidez, coragem e sentido de estado para o dizer.
Para que tal não volte a acontecer, aqui chegados, é urgente, importante e legítimo, esperar e exigir dos profissionais da política, mentores, ideólogos, iluminados e toda a clique incontável de oportunistas, assessores e quejandos que os acompanham, comodamente instalados no remanso da sombra protetora da já veneranda e cinquentona, constituição da república portuguesa, que se faça tudo o que tiver de ser feito para evitar que os eleitores possam voltar a ser massacrados com um ano de baixa propaganda eleiçoeira, como esta com que estão a ser mimoseados.
Numa época como a que estamos a viver, em que tudo acontece à velocidade da luz, na época dos computadores e da inteligência artificial, continuar a fazer eleições como se fazia há cinquenta anos, com papel, tinta e mata borrão, pondo cruzinhas num papel, que depois se devolvia à mesa para ser depositado na urna, isto é dum ridículo confrangedor e inaceitável.
Aqui chegados, vamos especular um pouco sobre as eleições presidenciais, às quais, quem diria, concorre um nunca visto nem sonhado naipe de sete candidatos e uma candidata, que, como os cogumelos do outono, foram saindo do nada, na plena certeza de que, se mais tempo houvesse para apresentar mais candidaturas, e ainda bem que não há, porque, como é sabido, tudo o que é demais é moléstia.
Fazendo uma retrospetiva desde o princípio de todo este processo, restam sérias dúvidas quanto à possibilidade de que, mesmo no meio de tanta fartura, possa aparecer um candidato com o mínimo de condições necessárias para assumir, com dignidade e competência, as funções de presidente da república, funções estas que, tanto a nível interno, como externo, na atual conjuntura política, social e económica, não se apresentam nada fáceis.
Se isso não bastasse, quanto mais os potenciais candidatos se foram mostrando aos eleitores e revelaram os motivos pelos quais se candidatavam, muitas dessas dúvidas transformaram-se em certezas, deixando os eleitores entalados entre o dilema de escolher votar no candidato menos mau, votar branco, ou, pura e simplesmente, não votar em nenhum deles, hipótese que, a ser escolhida, poderia meter toda a classe política numa camisa de onze varas.
E se, por absurdo, tal viesse a acontecer?
