A opinião de ...

RTP

Opulenta na subserviência ao poder desde a sua fundação, o primeiro presidente foi figura grada no Nordeste Transmontano, a televisão pública, volta que não volta, obriga-nos a reflectir acerca da sua validade porque custando-nos centenas de milhões de euros está longe de corresponder ao postulado do serviço público. E, no entanto, na época da outra senhora, como nos tempos de agora notáveis profissionais ali demonstraram e demonstram não lhes faltar talento e competência? Que se passa então? Responder a estas fortes interrogações é impossível no espaço desta crónica. Por essa razão deixo sinais justificadores de por cá só em casos excepcionais sintonizo o canal de todos, já no estrangeiro apesar da fúria a isso sou obrigado. Aflige-me o mimetismo relativamente aos restantes canais e o seu virar costas à permanente aculturação em todos os sentidos que os seus programas devem possuir, aborrece-me o maneirismo matreiro da informação seja elo governo que for, desaponta-me a falta de ousadia no referente aos temas polémicos mas não sensacionalistas. Lá fora, coercivamente, vejo programas rançosos, falhos de interesse para os públicos emigrantes na justa medida de as televisões locais se anteciparem e disporem de larga panóplia de meios de forma a dissecarem temas e problemas, anoto a ausência de aríetes de alta qualidade na defesa da língua Pátria. Desta última vez foram dezasseis dias de luto atenuado na altura do noticiário aqui das oito, no entanto, o noticiário dito para a América e Canadá não passa de um pastelão requentado colocado na mesa dos falantes portugueses sem cerimónia no referente ao essencial, prevalecendo o acessório quantas vezes personificado nos chamados chouriços. O leitor tem o direito a descrer de tão severo juízo, no intuito de lhe dissipar a dúvida convido-o a durante três dias apenas ver e ouvir o canal Internacional, se o fizer estou convicto de não achar desabusada a opinião aqui exposta. Nós precisamos de uma RTP forte na audácia cultural e científica, rigorosa na informação, selectiva na programação de entretenimento, consistente na exaltação dos nossos formidáveis patrimónios a principiar pelo linguístico. Os seus trabalhadores detêm capacidades e conhecimentos para levarem a carta a Garcia, deixem-nos ser excelentes carteiros porque efectivamente são. Gastar bem o nosso dinheiro não é só um dever, é também sinal de respeito ante quem custeia um serviço para todos. Até agora não tem sido assim. É uma lástima.

Edição
3509

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