A opinião de ...

Casos e casinhos que se tornaram casarões

Ficou para a história a expressões dos “casos e casinhos” que o Primeiro-Ministro demissionário utilizou sobre os problemas legais que iam afetando elementos do seu executivo, há pouco menos de um ano.
Passados quase 12 meses, aquilo que se pôde verificar é que os casos e casinhos se tornaram autênticos casarões, ao ponto de terem custado ao país o Primeiro-Ministro eleito no âmbito de uma maioria absoluta do PS na Assembleia da Repúbica.
Mas a torrente de casos ameaça não ter parado ainda, com o dia de ontem a trazer uma autêntica enxurrada de detidos a nível nacional no âmbito da operação “Gota D’Água”, que ameaça baralhar contas também nas eleições Autárquicas que se hão de seguir às Legislativas e às Europeias, pelo número de Câmaras envolvidas.
As próprias Legislativas já ameaçam mudar algum do xadrez político na região, com a possibilidade de algum autarca em exercício poder integrar as listas de candidatos a deputados.
Assim de repente, lembro-me do caso de Hernâni Dias, há muito apontado como estando a caminho da Assembleia da República depois de terminar o terceiro (e último) mandato como presidente da Câmara de Bragança.
A questão é que o timing não é o que estava previsto. Se, até aqui, as Legislativas se afiguravam decorrer após as autárquicas, o facto de terem sido antecipadas para março leva a que seja necessário tomar decisões, como deixar mandatos a meio.
Será que Hernâni Dias vai entregar o comando da maior autarquia do distrito ao seu número dois, Paulo Xavier?
Isto numa altura em que, dentro do PSD, se fala cada vez mais alto na possibilidade de o cabeça de lista escolhido por Luís Montenegro pelo distrito de Bragança ser o atual presidente da Assembleia Municipal de Miranda do Douro, Óscar Afonso, que é, também, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e conselheiro económico do líder do PSD.
O próprio Nuno Gonçalves, presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, que termina o terceiro mandato, tem vindo a preparar a sucessão (para o chefe de gabinete José Meneses) e poderá receber um convite para as listas a deputados.
Do lado do PS, é em Macedo de Cavaleiros que há muito se fala na possibilidade de Benjamim Rodrigues entregar o comando da autarquia a Rui Vilarinho, seu atual vice. A candidatura à Federação do PS, anunciada no verão, para umas eleições que já não deverão acontecer, era vista como um passo no caminho de Lisboa e da Assembleia da República.
Resta agora saber se a operação Gota D’Água fará transbordar algum copo antes das próximas eleições...
Sejam elas quais forem.

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