A opinião de ...

Comunicar com humildade

A Espanha sagrou-se campeã mundial de futebol com a sua seleção feminina. O feito foi completamente obscurecido pelo comportamento do presidente da Federação espanhola, Luís Rubiales.
A questão principal tem sido centrada no beijo a que obrigou a jogadora Jenni Hermoso mas também não passou despercebido o comportamento cavernal junto à rainha Letícia e à sua filha, na tribuna presidencial, agarrando os genitais numa tentativa de comunicação subliminar.
A questão da comunicação tem sido o busílis desta questão, que tem valido horas e horas de debate televisivo. Em Portugal. Imagine-se em Espanha. Não, lá, provavelmente, não se perdeu tanto tempo televisivo a discutir este assunto como do lado de cá da fronteira. É o problema de ter quatro canais ditos noticiosos a 24 horas por dia. Quando a atualidade não corresponde com matéria suficiente para alimentar tanta hora de emissão, há que espremer a atualidade até de lá sair o tempo que é preciso ocupar.
O que não se percebe é a fuga em frente de Rubiales. Perante a evidência de que tinha errado, optou por apontar bateria a tudo e todos, incluindo à verdade. Pelo caminho, esqueceu-se do básico: pedir perdão. Assumir o erro e pedir desculpa por ele.
Algo que, até agora, ainda não se ouviu da boca do (ainda) presidente da federação espanhola.

Enquanto isso, por cá, a escalada nos custos da habitação e a impossibilidade, nalguns casos, de encontrar mesmo alojamento, ameaça afastar mais jovens do ensino superior do que os exames de matemática.
A política de concentração, cada vez maior, em Lisboa e no Porto, estimula, ainda mais, esse fenómeno, quando as cidades da periferia, com instituições de ensino que também são de referência, também poderiam ajudar a contribuir para mitigar esse problema. Para isso, era preciso que o atual Governo seguisse a política do… anterior Governo, que também era do PS, e privilegiasse o interior do país face a Lisboa e Porto.
A coesão nacional também é isso, tornar o país um todo, fortalecendo-o, e não fortalecer apenas uma parte à custa de todo o resto. Afinal, qual é o objetivo de uma política que restringe o acesso dos jovens ao ensino superior, retirando alunos das instituições da periferia para beneficiar as universidades de Lisboa. Não se percebe esta inversão de uma política delineada por Manuel Heitor e Sobrinho Teixeira e que começava a dar frutos.
A falta de visão de quem nos comanda, que opta pelo imediato em vez dos frutos a longo prazo, é das características que mais tem toldado o desenvolvimento do país ao longo dos últimos… 500 anos.

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