A opinião de ...

Dar com uma mão, tirar com as duas

No anúncio do Orçamento de Estado para 2024, o Governo fez questão de garantir que serão devolvidos rendimentos às famílias portuguesas.
Parece que haverá uma reformulação dos escalões do IRS e que isso representa uma atualização de três por cento. Essa é a versão do copo meio cheio.
O problema é que a inflação deverá ficar nos 3,3 por cento. Portanto, acima do valor da atualização. Ou seja, uma perda real de rendimentos.
Mas, mais grave do que isso, é a questão do Imposto Único de Circulação.
O Ministro das Finanças garante que o agravamento previsto para as viaturas anteriores a 2007 representa apenas dois euros por mês, num máximo de 25 euros por ano. A questão é que as tabelas conhecidas implicam agravamentos que podem ser do dobro, o quádruplo ou, até, dez vezes mais do valor pago atualmente, sobretudo nas viaturas de maior cilindrada (o que não quer dizer de luxo).
Quem for dar uma volta pelas aldeias do distrito de Bragança, constata algumas coisas. Desde logo, a idade avançada da pouca população que ainda resiste a habitar nestes territórios. Em muitos casos, graças a um apego à terra, que vem dos seus ancestrais, e de uma agricultura de subsistência.
Outra constatação é a ausência de animais de tração, como acontecia há 50 anos, por exemplo.
Cavalos, machos, burros, foram substituídos por veículos com alguma capacidade de todo-o-terreno (sobretudo carrinhas 4x4). Este parque automóvel está, na sua generalidade, envelhecido, como a população, que com as parcas reformas que aufere, não tem capacidade de o modernizar. Mas não é por isso que não deixa de ser necessário para ir à horta com um motor de rega, ir às batatas, à azeitona, às castanhas, levar alimentação aos animais...
A medida agora proposta pelo Governo é, sobretudo, hipócrita.
Hipócrita porque se fundamenta numa alegada promoção da transição para soluções mais amigas do ambiente. Ora, as viaturas elétricas têm custos ambientais muito superiores aos carros a diesel ou gasolina, sobretudo devido ao processo de fabrico das baterias (desde a extração à distribuição).
Por outro lado, é anunciada como uma contrapartida pela diminuição dos pagamentos nas antigas SCUT (autoestradas sem custos para o utilizador). É perguntar a estes proprietários quantos quilómetros já fizeram algum dia em autoestrada...
Portanto, isto mais não é do que o Governo estar a anunciar que dá um chouriço com uma mão para depois exigir um porco com as duas...

Recrudesceu a guerra entre israelitas e palestinianos. A causa terá sido o apoio que a Arábia Saudita se preparava para dar a Israel ao nível diplomático, com o apadrinhamento dos EUA.
O Irão, fornecedor de armas à Rússia na guerra com a Ucrânia, vê-se agora com dinheiro fresco e instigou e financiou o Hamas para perpetrar este ataque, aproveitando as fragilidades do Governo israelita.
O apoio internacional, sobretudo americano, rapidamente virou as agulhas da Ucrânia para Israel.
Quem será que tem a ganhar com isto? Disse Putin?... Pois claro...

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