A opinião de ...

A importância de ser...

Desde a escola primária que ouvimos falar da importância da agricultura, um dos pilares do setor primário da economia (a indústria no setor secundário e os serviços no setor terciário).
Mas parece que alguns dos nossos governantes faltaram às aulas em que se falou de economia, a julgar pelo tratamento dado aos agricultores, sobretudo aos transmontanos, nos últimos tempos.
Ainda há duas semanas o Mensageiro deu conta da indignação das gentes de Vila Flor por o concelho ter sido excluído do despacho normativo que definiu as freguesias a serem apoiadas no âmbito das intempéries de junho. Parece que o facto de os estragos terem sido de tal monta que serviram de cenário para a abertura de telejornais não foi suficiente para o Ministério da Agricultura considerar que os agricultores do Nordeste Transmontano mereciam o mesmo apoio que outros colegas.
Mas, o que se prevê que venha a acontecer com o (não) pagamento dos subsídios à agricultura, no âmbito das ajudas europeias a diversas produções, é surreal e pode significar a machada final em muitas explorações.
Ora, sem agricultores, não há agricultura e os senhores de Lisboa e Cascais vão ter de se contentar com pílulas de vitaminas, pois vão deixar de poder enviar os empregados aos mercados comprar frutas, legumes ou carne.
Numa região do país em franco despovoamento, é fácil de prever que o passo seguinte será a desertificação, pois não haverá ninguém que cuide desta paisagem, quem trate de vinhedos, quem plante castanheiros, amendoeiras ou oliveiras, quem apascente o gado e semeie as terras.
Mais do que atrasar o pagamento das ajudas devidas aos agricultores ou espaçá-las e diluí-las no tempo, o que se passa com a agricultura biológica é demonstrativo da inoperância de quem está à frente do setor.
Primeiro, estimularam-se os agricultores a passarem a produzir no modo biológico, porque era melhor para todos: para o produtor, para o consumidor, que tinha acesso a produtos com menos químicos, para o ambiente, que ficaria menos poluído e, logo, para todos, com uma produção mais sustentável.
Afinal, o volume de candidaturas foi três vezes superior ao dinheiro disponível (que, como assinalou o presidente da Câmara de Vila Flor, Pedro Lima, é uma gota comparada com os oceanos de milhões alocados a TAPs, bancos e buracos afins).
Será um caso de prioridades trocadas, de má fé, incompetência ou tudo junto?
Olhar para a agricultura com olhos de ver é, como diz o Papa Francisco, cuidar da casa de todos nós, o nosso planeta.

Nesta altura, e tendo em conta as alterações que tem havido no clima, não nos podemos dar ao luxo de não o fazer...

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