A opinião de ...

Olhar para o passado para pensar o futuro

Há muito quem diga que, para avançar, não devemos estar constantemente a olhar para trás. No entanto, um olhar sobre a história permite-nos, mais não seja, precaver-nos contra erros já cometidos anteriormente, aprender com eles e agir de forma diferente no futuro.
Durante anos, a agricultura no Nordeste Transmontano foi passando pelo mesmo processo de abandono que afetou a região no seu conjunto, com uma diminuição da população que, desde meados do século passado, encolheu quase para metade.
A consequência mais imediata foi o despovoamento das aldeias e campos da região e o abandono de muitos terrenos antes cultivados.
Nos últimos anos, contudo, e ao contrário do que se poderia pensar à primeira vista, deu-se um processo de retorno aos campos, que não implicou, ainda assim, o gresso de pessoas à região. Terras que antes estavam ao abandono depois de anos a produzir cereal têm sido convertidas, nos últimos anos, em soutos, amendoais, olivais e outras culturas arbóreas, que podem ser tratadas à distância. Isto é, os seus proprietários já não são, necessariamente, residentes na região mas têm cá as suas propriedades, vindo esporadicamente para ministrar os tratamentos mínimos e para a apanha dos frutos.
São agricultores que estão radicados em zonas do litoral ou mesmo do estrangeiro. Isso mesmo ressalta da análise dos dados dos subsídios feitos pela investigadora belga Lien Imbrechts (ver texto nas páginas anteriores). Agora, era preciso que este retorno à agricultura se traduzisse na fixação de mais pessoas na região e não apenas na exploração dos seus recursos.
Uma das formas é tornar a venda dos produtos endógenos mais rentável para quem os produz. Isso significa colocá-los em mais mercados e mais rapidamente. Para isso, é necessário um sistema logístico e de transportes adequado.
Este Governo, tal como prometeu em campanha (e não só), tem nas mãos a possibilidade de dar uma ajuda, decidindo finalmente o corredor de alta velocidade pelo norte do rio Douro, desde o Porto de Leixões até Zamora.
Outro fator é o aeroportuário. A autarquia tem em mãos um projeto de ampliação do aeródromo regional de Bragança, que tem capacidade de servir toda a região. Assim todos se congreguem em torno desse objetivo e ponham de lado os preconceitos territoriais, que não existem apenas do litoral face ao interior. Porque o todo vale sempre mais do que a soma das partes.

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