Opções difíceis mas necessárias
Ainda na semana passada, o Mensageiro dava conta de um texto de D. Nuno Almeida que servia de introdução às nomeações pastorais feitas pelo prelado da nossa diocese.
A propósito dos tempos atuais, D. Nuno Almeida era claro: “Também nós, na diocese de Bragança-Miranda, queremos ser Igreja ao serviço do Reino de Deus, com o anúncio da Palavra da libertação e da vida em plenitude, para que a voz de Cristo seja escutada (DV); com uma vida litúrgica e sacramental que seja seu sinal antecipador e realizador, para “tocarmos” e nos alimentarmos de Jesus (SC); com uma vida de comunidade pensada e vivida na lógica e valores do Reino de justiça, comunhão, reconciliação, que permita “ver” e “transparecer” a presença e ação de Jesus Ressuscitado (GS).”
O Bispo de Bragança-Miranda, com o pragmatismo que os tempos difíceis exigem, explicou o caminho: “Ansiamos ser Igreja que não procure oferecer “sinais de poder”, mas sim o “poder dos sinais” compreensíveis para a sociedade atual e que a todos possam oferecer a “alegria e a esperança do Evangelho”. Tudo isto implica um rosto de igreja: família de famílias, comunidade de comunidades sempre “em saída” ao serviço de todos (LG).”
Ao longo das últimas décadas, a estrutura demográfica da região foi-se alterando, seguindo uma trajetória de esvaziamento que se começou a fazer sentir com o boom da emigração em meado do século passado.
As aldeias sangraram quase até ao coma com hemorragias de gente a sair rumo a paragens que lhes proporcionassem uma vida condigna.
Aos poucos, este imenso território que é a diocese de Bragança-Miranda, foi-se esvaziando de gente, com uma série de implicações.
Desde logo, no número de fiéis com participação regular na vida comunitária e da Igreja. Depois, nas vocações, que tem levado a uma diminuição no número de sacerdotes disponíveis. Um problema que não é exclusivo da nossa diocese nem sequer do nosso país mas que alastra pela Europa. Isso provocou uma sobrecarga no trabalho dos sacerdotes da diocese, que se veem a braços com a hercúlea tarefa de terem de se desmultiplicar por um vasto território e por comunidades muitas vezes afastadas entre si por distâncias físicas desafiantes, de forma a poderem dar apoio pastoral, psicológico, levar conforto aos que precisam e, ainda, dar resposta aos desafios burocráticos do dia a dia em muitas instituições que lhes são confiadas. Isso leva a problemas de diversa ordem e esteve na origem, há uma dúzia de anos, de uma reorganização pastoral pioneira em Portugal, com a criação das Unidades Pastorais, que agruparam paróquias.
Uma medida que começa agora a ser equacionada noutras dioceses, 12 anos depois de ter sido implementada em Bragança-Miranda.
D. Nuno Almeida anunciava, na semana passada, que “por causa da fragilidade económica da nossa Diocese de Bragança-Miranda, o Bispo da Diocese e aqueles que o acompanham no dia a dia passarão a residir no Seminário de S. José”. “A Cúria e os restantes serviços diocesanos mantêm-se na Casa Episcopal”, sublinhava.
Medidas tomadas com o propósito de bem gerir e administrar a diocese de Bragança-Miranda.