A opinião de ...

Os nossos Putins

Quem nunca teve, nos tempos de escola, aquele colega mais arruaceiro, que primeiro batia e depois perguntava, que gostava de fazer bullying aos que dessem parte de fracos, fazendo chantagem com a sua força bruta?
Olhando para o que se passa entre a Rússia e a Ucrânia salta à vista o comportamento arruaceiro de Vladimir Putin, que parece cada vez mais aquele miúdo arruaceiro dos pátios das escolas.
Até por isso, mais do que nunca é importante denunciar os comportamento abusivos de quem os pratica.
Talvez tenha sido essa a razão para a UNESCO considerar, no seu mais recente relatório, que a imprensa é "um bem público".
No relatório Tendências Mundiais em Matérias de Liberdade de Expressão e Desenvolvimento da Comunicação Social, a UNESCO analisa, no período de 2016 a 2021, a tendência de queda da liberdade de imprensa, políticas recém-implementadas que restringem a liberdade de expressão online e a ameaça que as plataformas de redes sociais representam para o modelo de negócio dos media, ao mesmo tempo que dá ênfase especial à compreensão do papel do jornalismo como um bem público, realça o Clube de Jornalistas.
De acordo com o relatório, Google e Meta (anteriormente Facebook) actualmente absorvem cerca de metade de todos os gastos globais com publicidade digital, enquanto a receita com publicidade em jornais caiu pela metade nos últimos cinco anos.
A isso há que somar a subida vertiginosa dos custos do papel (subida de 70 por cento), pois a seguir à retração verificada com a pandemia, as empresas produtoras viraram-se para a produção de papel de embrulho. Quando retomou a procura de papel de jornal, a indústria já não estava preparada para fazer face às necessidades e os preços subiram em flecha.
O declínio na receita publicitária da indústria de notícias foi exacerbado pela pandemia do COVID-19, que trouxe perdas de empregos, fecho de redações, bem como uma enxurrada de informações imprecisas, não confiáveis e enganosas, propagadas principalmente nas redes sociais.
Por isso, o repórter de imagem brigantino que se encontra em trabalho na Ucrânia realça que "é importante denunciar estas situações", até para garantir que não se repetem.
Mas, por cá, apesar de estarmos longe do alcance dos mísseis de Putin, não estamos afastados dos seus efeitos. Que o digam todos os que têm de se deslocar às bombas de combustível.
É que, aí, a subida de preços é incompreensível face ao preço a que o petróleo que deu origem ao combustível que agora chega às bombas foi comprado.
Esses são comportamentos de outros Putins, daqueles que fazem bullying com os consumidores todos os dias, enquanto ninguém lhes fizer frente e disser que já chega de comportamentos abusivos.
Porque para cada Putin há sempre um Zelensky.

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