A opinião de ...

Quem tudo quer...

A inflação, que parecia a caminho da descida, voltou a subir no mês de agosto.
De acordo com uma notícia do jornal Público, para essa inversão da tendência muito contribuiu a subida do preço dos combustíveis e da hotelaria.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou esta terça-feira os dados globais relativos à inflação de agosto que tinha apresentado na sua estimativa preliminar publicada há duas semanas. Os preços dos bens e serviços em Portugal subiram 0,3% em agosto, fazendo subir a taxa de inflação homóloga (a variação dos preços face ao mesmo mês do ano passado) de 3,1% para 3,7%.
Um dos problemas foi que, em agosto, ao contrário do que vinha acontecendo desde a segunda metade do ano passado, os preços dos combustíveis voltaram a registar uma trajectória ascendente acentuada.
De acordo com os dados do INE, o preço do gasóleo subiu 10,5% face ao valor registado em Julho, contribuindo só por si com mais de 0,2 pontos para a variação mensal total do IPC de 0,3%. Já na gasolina, a subida dos preços foi de 8,1%, com um contributo de um pouco mais de 0,1 pontos para a inflação mensal total.
Segundo o INE, os preços dos combustíveis “contribuíram em 0,7 pontos percentuais para o aumento da variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor”, que em agosto foi de 0,6 pontos percentuais, de 3,1% para 3,7%.
Já os preços dos alojamentos tiveram mais uma subida de 10% só no mês de agosto. Os preços dos quartos de hotel ou do alojamento local passaram a ser, entre as diversas subclasses de bens e serviços utilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os que tiveram um maior agravamento face ao ano passado, contribuindo de forma significativa para que a inflação voltasse a subir em Portugal no mês passado.
Com estas subidas, superiores aos valores da inflação, o que se depreende é que sejam motivadas, não pela procura mas pela ganância. Vejam-se os lucros anunciados das principais petrolíferas.
Com o peso que o preço dos combustíveis, por exemplo, têm na economia e na vida das pessoas, ao provocarem uma estagnação, vão levar a menos trocas comerciais e, logo, a uma descida do consumo do próprio combustível. A médio prazo, isso vai refletir-se nos resultados dessas mesmas empresas.
O mesmo acontece, por exemplo, com o alojamento estudantil. A sede de lucro fácil e imediato, agora que há tanta procura de casas para estudantes dado o aumento do número de alunos no Politécnico de Bragança, pode levar a que se desvaneça rapidamente a ideia de que é mais barato estudar em Bragança, fazendo desistir, num futuro próximo, muitos estudantes de virem para o Nordeste Transmontano. Sem procura, os preços lá vão por aí abaixo. É que alugar um T2 por 1300 euros em Bragança é colocar as rendas ao nível de Lisboa... Não faz sentido.
E, já se sabe, quem tudo quer.

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