1 - Porque de “Fartote” a “Fartum” vai um salto de pardal...
Enquanto que o substantivo masculino “fartote” significa barrigada, pançada ou empanzinadela, o substantivo “fartum” significa o cheiro resultante do rancho e qualquer outro cheiro incómodo ou nauseabundo, qualidades que, a solo ou em conjunto, assentam como uma luva ao fartote/fartum de medidas recentemente anunciadas pelo governo, sem que ninguém perceba porquê, para quê e com que destinatários, e menos ainda, se algum dia virão a ser implementadas, medidas estas que, teoricamente, serviriam para mitigar os graves problemas que afetam o ensino, os transportes, a saúde, a habitação e a capacidade financeira de muitas famílias.
Dando de barato o valor teórico de todas elas, o certo é que, passado o momento da euforia subsequente à sua divulgação, para evitar mais desilusões, é importante e da mais elementar prudência ter presente a sabedoria com que o povo analisa estas situações, certos de que “Quando a esmola é grande desconfia o pobre” e de que “O que é demais é moléstia”, mensagens que tanto pode ser interpretadas como um alerta para os incautos, como para pedir aos seus autores que se respeitem a si e aos outros.
Passada a euforia da divulgação deste enorme pacotão que, na prática, se reduz a mais uma mão cheia de nada, contrariando as intenções dos seus autores, até pode acabar por ter alguma utilidade, sobretudo para aconselhar o povo a abrir os olhos e a ter coragem para obrigar os responsáveis por elas a explicar como e quando é que isto irá acabar.
Para já, à falta de uma resposta credível, viável e exequível a curto prazo, o mínimo que se pede e exige de todos os responsáveis por esta política do “faz que vai mas não vai” e do “diz que faz mas não faz”, é que façam uma autocrítica honesta ao seu desempenho e que, se for o caso disso, tenham a necessária lucidez para reconhecer que chegaram ao limite das suas capacidades e a coragem indispensável para que, reconhecendo que erraram nas suas opções de vida, não insistam em prolongar a farsa de julgar que são as únicas pessoas do mundo com capacidade para realizar as tarefas que, como que caídas do céu, lhes foram cair nas mãos.
Contudo, neste nosso querido torrão lusitano, por mais que isto custe a aceitar, nas atuais condições, não podemos ignorar que houve situações vergonhosas de lamentáveis exceções que, com o passar do tempo e a benção de muita gente interessada nisso, passaram a ser encaradas com total naturalidade, até se transformarem na vergonhosa realidade a que hoje todos somos obrigados a assistir.
Até quando? Isso era o que eu mais gostava de adivinhar.