A opinião de ...

“Agora, é a guerra total”!

Foi assim que, no calor de mais um protesto realizado em plena via pública, um dirigente sindical classificou a atual situação de crise do ensino, fruto de décadas de decisões políticas mirabolantes, desmioladas, desastrosas e irracionais, altamente prejudiciais para os interesses dos alunos, crise essa resultante de uma política de educação desastrosa, desajustada da realidade nacional, preocupada com tudo menos com os interesses dos alunos e dos profissionais da área do ensino.
Agora, porque não há milagres e ninguém teve o discernimento, a lucidez e a coragem indispensáveis para promover as reformas adequadas, com a educação à beira do colapso que há muito se adivinhava, de crise em crise, de simulacro de “profundas” reformas em simulacro de ”profundas” reformas, as consequências desastrosas estão aí, acabando por criar as condições mais que suficientes para escancarar as portas a essa tal guerra total, de que muitos agora se orgulham, ignorando ou, pior ainda, fingindo ignorar, os danos irreparáveis que estão a causar a quem menos merecia.
Na esperança de que nem tudo possa estar perdido, para evitar maiores males maiores e salvaguardar o que for possível do futuro da escola pública e proteger o futuro das nossas crianças e dos nossos jovens, condição “sine qua non” para garantir o futuro do país e salvaguardar os legítimos interesses dos profissionais do ensino e da comunidade no seu todo, exige-se de todas as partes envolvidas, a correta análise desta situação conflituosa, o respeito mútuo entre as partes, a começar pela necessária moderação nas palavra, esperando de todos os promotores, atores e figurantes dessa tal “guerra total” o sentido de responsabilidade, a inteligência, a compreensão e o bom senso indispensáveis para que, em tempo útil, ainda se consiga construir uma plataforma de entendimento equilibrada, séria, exequível e ajustada à realidade do país, capaz de satisfazer, de forma justa e equitativa, os legítimos interesses de todos.
Aqui chegados, pelo muito que está em causa, pela dimensão ciclópica que deixaram que esta crise atingisse, já com indisfarçáveis sintomas, altamente preocupantes, do risco de descambar e se tornar incontrolável, fatores exponencialmente agravados pelo demasiado tempo que se permitiu que ela estivesse a caldear em lume brando, cujas sequelas irão condicionar, durante muito tempo, o normal desenvolvimento dos alunos.
Depois de as coisas chegarem onde chegaram, seja qual for a ótica por onde a crise seja abordada, esta nunca mais será um problema que possa resolver-se com um qualquer milagre, toque de magia, varinha de condão, ou com o estalar dos dedos da mão pelo que, mais que dizer que é a guerra total, talvez fosse melhor dizer que na educação, “chegou a hora do tudo ou nada”.
“A ver vamos, ... até lá para a Páscoa”

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3923

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