A opinião de ...

Lamentável exercício de demagogia e cinismo político

Depois da assustadora vaga de “casos”, “casinhos” e “casões” que, durante as últimas semanas, uma comunicação social cada vez mais atenta, (e ainda bem) investigou e trouxe a público, vaga essa que vai ser muito difícil de suster, podendo até nem ser a última, o país aguarda agora que, sem exceção, todas as figuras, figurinhas e figurões envolvidos nesta sucessão vergonhosa de escândalos, seja a que nível for, sem subterfúgios nem mentirinhas piedosas, até porque as investigações têm custos pesados, venham a público retratar-se e assumir pessoalmente as consequências dos seus atos.
Porque o mal está feito, perante esta sucessão indecorosa de escândalos atrás de escândalos que, de um dia para o outro, se foi manifestando um pouco por todo o país, com perigosa e especial incidência em áreas muito sensíveis da governação do país, cuja reputação já não era nada brilhante na opinião púbica, porque se de deixou ir longe demais este autêntico descalabro, por exclusiva culpa sua, da sua impreparação, incompetência, irresponsabilidade e desonestidade, numa espécie de teoria do vamos a isto e depois logo se verá, incentivada pela leviandade de quem os escolhia apoiando-se apenas nos critérios sobejamente conhecidos, acabaria por ficar de rastos pelas ruas da amargura.
Aqui chegados, para tentar remediar o que ainda for possível de todo mal que está feito, continuar a insistir na série das habituais explicações hilariantes sem pés nem cabeça aduzidas para tentar justificar o injustificável, ou caminhar para simulacros de resolução dos problemas como o famigerado “Questionário das 36 perguntas”, que não passa de mais uma tentativa desesperada do Primeiro Ministro, ridícula e mal encenada como tantas outras, para tentar fugir das suas responsabilidades de, nessa sua qualidade e detentor duma confortável maioria absoluta, ter constituído o atual governo à sua imagem e semelhança, para disfarçar o seu evidente cansaço e esvaziamento de ideias, o desnorte, a falta de liderança e a desconexão da atual equipa, já impossíveis de esconder pelo Primeiro Ministro e pelos que lhe são mais próximos, governo do qual, organizado por quem foi, e na base de recrutamento que o sustentou, dificilmente seria de esperar melhor.
Mas, porque assim o quiseram… assim o tiveram.
Com uma esperança, ténue como a luz da candeia quando se acabava o azeite, de que, à falta de melhor, do enriquecimento do “Questionário das 36” ainda possa sair alguma coisa que se veja, exclusivamente a título de colaboração desinteressada, era capaz de sugerir que fosse complementado com um eficiente detetor de mentiras e uma boa reserva de pimenta.

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3918

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