Quo vadis, escola pública?
Mais um fim de ano letivo e, para não variar, ministro após ministro, as mesmas respostas esfarrapadas de sempre, na tentativa miserável e desonesta de atirar as culpas ao sistema que não se coaduna com as necessidades e a mesma esperteza saloia, que se arrasta há décadas, de se continuarem a ludibriar as espectativas dos pais e as esperanças dos alunos com as promessas de que para o ano é que vai ser.
Ao fim e ao cabo, para sermos justos, temos de dar razão a quem a tem, só que, esse “para o ano é que vai ser”, acaba por ser sempre a mesma coisa, numa escola pública na qual toda a gente se preocupa com tudo e mais alguma coisa, deixando para as calendas que nunca mais vêm, a implementação dum sistema educativo, cuja primeira e grande preocupação seja a preparação dos alunos para.
Nestes termos, tentar justificar, ano após ano, o insucesso da escola pública com essa promessa na qual, de tantas vezes repetida, mas nunca cumprida, já ninguém acredita, para não lhe chamar outra coisa, é, no mínimo, uma atitude desonesta que deixa sérias dúvidas sobre a competência e a honestidade de todos os elementos nela envolvidos que, por ação ou omissão, são os grandes e principais responsáveis pela grave crise em que o ensino público se encontra, cuja cura exige urgentes medidas de fundo mas, porque já se foi longe demais, não será nada fácil de conseguir.
Contudo, pelo muito que está em causa, goste-se ou não, uma revolução desta natureza, para ter sucesso, porque em muitas áreas não pode deixar pedra sobre pedra e terá de mexer com lóbis e interesses de muito boa gente instalada a todos os níveis da administração pública, para ter o sucesso que o país precisa e os alunos merecem, irá exigir de todos os agentes nela envolvidos muita coragem competência e lucidez para atuar em função dos interesses das pessoas, sem esquecer os interesses, as necessidades e as possibilidades do próprio estado.
Porque os dinheiros públicos, resultantes dos nossos impostos não são infinitos, é imperioso que deles se faça uma gestão criteriosa, evitando todo e qualquer desperdício ou gastos supérfluos, cortando, sem dó nem piedade em todas as gorduras dos ministérios envolvidos, com especial atenção ao número e à utilidade prática dos cursos superiores.
Enquanto muitos servem apenas para satisfazer a vaidade dos papás de darem aos seus meninos o título de Sr. Doutor, outros, como a medicina e as engenharias, cuja parte de leão da despesa da sua formação sai dos cofre do estado, depois de formados, aliciados pelos chorudos vencimentos pagos no estrangeiro, que com eles valorizam os seus quadros com pessoal qualificado, em cuja formação não investiram um único cêntimo, sem que daí haja qualquer retorno para o forte investimento do nosso país. Em que ficamos. Há ou não há médicos para as escalas nos nossos hospitais? Pelos vistos até há.
Só que os ingleses e os alemães são ricos e não os têm e nós, que somos seus amigos, gostamos de repartir com eles! Palminhas!