A opinião de ...

A Direita Chegou. Cuidemos do «Doente PSD»

Lentamente, o Chega vai «comendo» o PSD, um partido que corre o risco de deixar de ser do Centro para ficar «aChegado» à Direita porque demasiado apegado ao Poder e sem vergonha de se descaracterizar como partido social-democrata.
Falemos dos últimos dois casos conhecidos, a Lei da Imigração e a nova Lei da Habitação. A Lei da Habitação constitui uma oferta descarada aos interesses dos mais ricos, «aconChegados» com benefícios nunca sonhados face ao preço das casas e das rendas.
Tanto o tecto do preço das casas (680.000 euros) como o tecto das rendas (2.300 euros) são um descarado convite ao aumento dos preços de umas e de outras porque a redução do imposto e das condições de compra cobrem perfeitamente o aumento do preço dos imóveis e das suas rendas. Exemplificando, uma venda de 680.000 euros a 6% de IVA fica por 720.800 euros, o mesmo que uma venda de 586.000 euros a uma taxa de IVA de 23%. Eis porque os ricos e proprietários de fundos imobiliários não perdem nada em aumentar os preços.
É verdade que os pobres também beneficiam destas leis mas o problema é que elas não contribuem para a contenção dos preços do mercado mas antes para o seu aumento. Assim, a Lei dá-lhes com uma mão e tira-lhes com a outra. É isso que querem os arautos e investidores, incluídos no espectro da Direita.
A Direita, enquanto projecto político e social, utiliza os benefícios sociais como disfarce para uma cada vez maior exploração das classes sociais mais baixas e média. Utiliza o argumento de Adam Smith de que a acumulação de muito por poucos é disfarçada por uma pequena ajuda a muitos. Sintetizou isto na frase «individualização dos ganhos ou lucros e socialização dos prejuízos».
A segunda Lei, a da Imigração, é menos maligna para a sociedade mas muito benéfica para os empresários mais ricos. É difícil regular a imigração porque ela é uma faca de dois gumes: quanto mais se regular mais difícil ela é e mais se desenvolve a imigração ilegal que muitos empresários tanto querem pela mão de obra barata que ela constitui. Não regulá-la é também um problema porque o país ficará sem controlo sobre ela. Neste domínio, o Governo só em parte cedeu ao Chega. Deixou no entanto a porta aberta para outras leis exigidas pela regulamentação desta.
De resto, o tema da imigração é fracturante e exige uma discussão pública séria porque é necessário decidir quantos e que imigrantes podemos acolher. Na Europa, já há países com 30% de imigrantes mas nenhum desses países conseguiu uma integração sócio-cultural pacífica dos mesmos. Pelo contrário, o comunitarismo racial, étnico, cultural e religioso tem-se desenvolvido pondo em causa a unidade dos estados.
Não se pode prescindir dos imigrantes. É imperioso ajudar e integrar os imigrantes mas mantendo o equilíbrio político e social. Para a Direita, quanto pior, melhor.

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