A opinião de ...

Malhar na Direita

Santos Silva, o Augusto ministro dos negócios estrangeiros, que já foi ministro de quase tudo deixando neles um rastro de quase nada, celebrizou-se por gostar de malhar na direita. Mas nem sempre, nem em toda. Malhar na direita, com gosto, se esta for interna e na oposição e, apenas de “garganta”. Se for a sério e numa direita externa e com poder, já não pode ser! Faz lembrar o elemento “rebelde” do grupo que se posiciona logo atrás do chefe do bando a gritar, à moda do Porto, ora bem, “até os comemos!”, “vamos a eles!”, “partimos-lhes os dentes todos”, mas quando, por acaso, se vê, com o pau na mão, frente a frente com o opositor, esconde-o atrás das costas porque, brandi-lo, pode magoar. Mas, garante, quando voltar a estar na segunda linha, ninguém o há de calar porque ele é dos que não se acomoda nem pactua com todo o qualquer atentado aos direitos consagrados. Bem queria ele, agora, dar uma paulada no senhor Órban, mas não pode.
“É preciso cumprir a regras” – reclama!
– É preciso cumprir as regras – Proclama o chefe, António Costa para justificar a imposição da quarentena a Lisboa. Claro que todos temos de cumprir as regras. Exceto se formos adeptos ingleses. Ou adeptos de um clube de futebol da capital. Ou militantes e apoiantes de um partido político.
No resto, as regras aplicam-se, implacável e inexoravelmente a todos, sem qualquer exceção. A menos que seja polícia e pertença a uma coisa estranha e sem propriedade nem regulamentação, chamada “Movimento Zero”. E também não se pode ser demasiado rigoroso na interpretação e aplicação da lei quando se trata de contratar correligionários para a máquina do Estado. Obviamente que o serviço público terá de ser assegurado pelos mais competentes ou, pelo menos, mais experientes... desde que estes sejam aqueles que o poder rosa pretende por melhor se adequarem à sua estratégia partidária, ao seu projeto de poder. E se a competência nem sempre se pode ampliar, de forma artificial, para lá do razoável e do que pode ser entendível pelas declarações grandiloquentes (nunca ouvi tantos superlativos como os aplicados pelos governantes aos seus pares, desde que sejam do mesmo partido e, dentro deste, da mesma fação), já a experiência pode, perfeitamente, ser estendida, até ao limite do aceitável, usando e abusando, muito para lá da mais bondosa interpretação da lei, da prorrogativa de fazer substituições sem concurso, mesmo quando havia tempo de sobra para tal.
Pouco adianta também que a lei determine que, no que concerne à proteção de dados, a responsabilidade final seja dos dirigentes máximos da instituição e ao Encarregado da Proteção de Dados apenas compete fiscalizar, porque o problema é que o EPD não pode demitir o Presidente da Câmara, ao contrário deste que encontrou naquele um fácil, óbvio e imediato bode expiatório.
Nada de novo, pois, recentemente, já tínhamos sido alertados para quem nomeia quem, entre Presidente da República e o Primeiro Ministro sendo que não podia haver critério mais científico para determinar quem, em matéria de pandemia e medidas preventivas tem, afinal, razão.
Mas, em bom rigor, convenhamos... que importância tem isso se, como espero, como todos esperamos, Portugal for bem sucedido no Campeonato Europeu?

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