A opinião de ...

Renascer

E eis que um novo ciclo se inicia, passadas que foram as eleições autárquicas com os vereditos impostos pela vontade popular e, com eles, as renovações, as reafirmações e as alterações tidas e achadas como sendo as melhores soluções para cada um dos municípios da nossa terra.
Houve, como sempre tem havido, quem votasse nos candidatos, devido à filiação partidária, motivado por interesses pessoais imediatos, esperando benefícios prometidos esperando que sejam cumpridos, integralmente, impelido pela força do caciquismo que, queiramos ou não, continua a existir, levados pela escolha do menor dos males que, no seu entendimento, lhes é proposto no boletim de voto, mas, quero crer, na maioria dos casos, impelido pela vontade genuína de dar o seu contributo para reforçar o que está bem, aprimorar o que pode ser aperfeiçoado e mudar tudo quanto lhe merece censura e reprovação.
Seja qual for a motivação, as escolhas estão feitas e o tempo agora é dos eleitos que irão, em breve, tomar posse e iniciar uma nova etapa ou prosseguir com o trabalho já iniciado no mandato anterior. Em qualquer dos casos com vontade de dar o melhor de si e, com isso, promover o desenvolvimento do concelho, o bem estar das suas populações e preparar o futuro das novas gerações. Aos eleitores resta-lhes agora esperar o bom desempenho de todos quantos lhe mereceram a confiança pedida, esperando que, com os meios ao seu dispor, que são já consideráveis, possam fomentar as capacidades locais e suprir as falhas a que o poder central deixa em aberto, mais uma vez, sem que isso sirva apenas de lamento e desculpa para um indesejável, embora possível, insucesso do novo ciclo autárquico.
É certo que muitas das carências que afetam a nossa terra e as nossas gentes advêm da forma enviesada como o poder central olha para o interior, mas, igualmente, há que ter em devida conta, ignorá-lo pode ser um erro fatal, as falhas próprias e as incapacidades de cada um de nós para contrariar tal “fatalidade”. Entre muitos casos que poderiam ser trazidos à colação, um há que, sendo demais evidente, deveria fazer refletir todos e cada um sobre as responsabilidades individuais e coletivas sobre o estado do desenvolvimento social da nossa região: o Cachão!
O complexo agroindustrial do Cachão, sendo um projeto pensado, planeado e promovido por um nordestino, o visionário Camilo de Mendonça, para a modernização desenvolvimento e progresso da região transmontana, foi uma obra do poder central. Pode ter acontecido que tenha havido algum menor empenho, menor investimento, menor fomento do governa da nação, mas, igualmente, é necessário trazer para a balança dessa contabilidade o desleixo, o desaproveitamento, o menor interesse dos poderes locais. Será que as forças vivas do nordeste fizeram tudo quanto podiam e deviam para concretizar o sonho grandioso de Camilo de Mendonça? Será que ainda há tempo para o recuperar, reformular, adaptar à realidade contemporânea e reativar um polo de fomento agrícola e industrial capaz de travar a desertificação e agonia económica da nossa terra? Quero crer que sim. Espero que a 12 de outubro tenha iniciado um novo e renovado ciclo, mesmo quando assente na continuidade dos seus atores.

Edição
4060

Assinaturas MDB