A opinião de ...

28.000 Euros de encantamento!...

Com redobrado entusiasmo e grande fé, aguardavam milhões de portugueses uma briosa e prestação, da nossa seleção, na fase final do campeonato do mundo de futebol.
Porém, não obstante o mediatismo exacerbado e apoio, demonstrado, por todo o lado, os designados conquistadores, além de não conquistarem nada, contribuíram para queda de prestígio internacional da seleção e para baixar ainda mais o nível de orgulho da nossa nação. O mediatismo é, sem dúvida, importante, mas não joga, nem substitui aquele que deveria constituir a demonstração do “amor à camisola” e ao país que, teoricamente, os elegeu. Na verdade, nesta luxuosa/dispendiosa digressão pelas Américas, a comitiva comandada por Paulo Bento, deu uma imagem completamente diferente daquilo que seria, genuinamente, de esperar. Para além de refletir outros aspetos, pouco transparentes, que parecem estar atrelados ao processo futebolístico nacional, a representação lusa protagonizou uma prestação muito pobre, ficando, com efeito, muito aquém das expetativas, sendo considerada uma das piores participações de sempre nesta prova. Por falta de condições, mordomias e considerações, não foi certamente. Ai não, não!...
E se, aparentemente, os conquistadores regressaram à pátria lusa sem glória e com a moral abatida, tendo em conta os ganhos financeiros, não terão dado a participação como perdida. Com efeito, num país onde o ordenado mínimo não chega aos 500.00 Euros, os nossos atletas, nos 35 dias que estiveram juntos, embolsaram a módica quantia de 28.000 Euros, cada um, com a exceção de Cristiano Ronaldo e Pepe, que receberam 23.200 Euros, e Fábio Coentrão, 16.800 Euros, estes devido ao atraso verificado na sua inclusão nos trabalhos da seleção.
Ora para um grupo que pouco produziu e cuja prestação redundou num fracasso, é caso para dizer que, financeiramente, a estadia foi muito proveitosa. Ora bem, como convém!... Mesmo apresentando-se, habitualmente, com um semblante de mal-humorado, o selecionador pode sorrir!... E quem sabe, RIR!...
E se Paulo Bento, ilustre descendente de gentes de Bragança, a quem nunca lhe ouvi referência alguma à sua árvore genealógica, assume as responsabilidades pelo fracasso, que efeitos essa postura tem para a sua bolsa e dos seus comandados?!... Que penalizações?!... Mesmo assim, refere que não se demite. Pudera, com as mordomias disponíveis e os salários auferidos, não admira, pois claro. É que a vida está difícil!...
E, depois, convenhamos que há milhões de portugueses que andam toda a vida a dar o corpo ao manifesto e estão longe de conseguirem ganhar/amealhar o que estes “artistas” auferem só de prémios num mês, com tudo pago.
É certo que o futebol é interessante e motivante, que proporciona emoções empolgantes, sobretudo quando impera, no seu desenvolvimento, a verdadeira e leal filosofia desportiva. Porém, pena é que, com a evolução dos tempos e dos pensamentos, deixe de ser uma atividade saudável, para se tornar um produto comercial/empresarial, possibilitando “negócios” pouco claros, com comportamentos desprovidos de ética e de valores, com influências negativas não só ao nível do fisco, como da corrupção e da agressividade comportamental. Mas também não é menos verdade que, muitas vezes, o futebol dá “jeito” aos políticos para alcançarem “poleiros”, para depois facilitarem a vida à mais variada espécie de jornaleiros…da bola, muitos deles, não só submissos e ignorantes, como, ainda, arrogantes!...
E assim vai a sociedade… de olhos focados na bola, esquecendo os grandes problemas de fundo, por esse mundo fora!...
Mas há sempre exemplos positivos, que emergiram dos atletas gregos, que declaram numa carta endereçada para o primeiro-ministro Antonis Samaras, “Nós não queremos premiação extra ou dinheiro. Nós apenas jogamos pela Grécia e por esse povo. Tudo o que queremos de vocês é que apoiem o nosso esforço para achar um terreno e construir um centro de treinamentos que se torne casa da seleção grega”.

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