Festas sim…porque não?! … …mas com sustentabilidade e contenção.
Estamos a iniciar mais um período de festas populares. Falar de festas populares, festas do povo e para o povo, até parece fácil e sem necessidade de grandes contornos, ou considerações. Sendo um fervoroso adepto das festas, fui responsável e co-responsável, por diversas organizações festivas, quer na aldeia, quer na cidade de Bragança. Quem não se lembra, por exemplo, das prestigiadas Festas em Honra de Santo Condestável, em Bragança, nomeadamente das célebres Conferências incluídas no respetivo programa?!...
Não obstante a sua popularidade, a realização festividades, reveste-se, por vezes, de contornos pouco éticos, pouco legais, pouco morais, fugindo, até, a contornos religiosos minimamente aceitáveis.
Sei e percebo que não é fácil abordar estes assuntos publicamente. Muito mais “arriscado” será escrever num jornal, questionando gastos que parecem excessivos/supérfluos, ou atos contabilísticos, eventualmente, pouco claros, quando se sabe que, à volta destas realizações, andam, não raramente, interesses pessoais e poderes instalados, ainda que dissimulados. Não tenho dúvidas que há muita gente voluntariosa, que trabalha de boa-fé e com FÉ. Mas nem todos os envolvidos e teoricamente voluntariosos sustentam essa prática efetiva desinteressadamente. Será, com efeito, importante distinguir entre o genuíno e o que faz de coração, com Fé, ou mesmo por amor à camisola, e o que é usado com “terceiras intenções”.
Não me agradam, por exemplo as situações em que são “usados” os nomes/fotos de Santos/as Padroeiros/as para a realização de peditórios e, no entanto, não é feito o menor esforço que vise a dimensão espiritual e religiosa, banindo-as, assim, com relativa facilidade, da essência das festividades, da educação festiva e das relações e formação humanas.
Gastam-se “rios de dinheiro” em foguetes, artistas, conjuntos musicais, de longe ou que ninguém conhece e, depois, pedem-se subsídios municipais, ou outros institucionais, para obras ou melhoramentos locais, ou necessidades sociais.
Importará, pois, apostar numa consciencialização de quem incorpora as Comissões de Festas, para que sejam evitadas despesas supérfluas, algumas vezes imorais, nada condizentes com o espírito cristão e estado social, optando-se por organizações sustentáveis e, se possível, por contratar serviços que sejam da região, contribuindo para a economia e emprego locais, sempre no respeito da lei e princípios de legalidade, de igualdade, de justiça e de imparcialidade, da boa fé, da eficiência do uso dos recursos públicos e da comunidade. Não devendo ser esquecido, por exemplo, o contributo das Bandas de Música da região, que muito bem ficam integradas na procissão.
Naturalmente que estes princípios devem nortear a vida pessoal, mas com maior evidência e responsabilidade quando se trata de assuntos de caráter associativo, social, ou religioso.
E, quando se trata de festas religiosas, não podem ser esquecidas, muito menos ultrapassadas, as disposições oficiais da Diocese, sendo certo que a presidência das respetivas comissões, é (deve ser), formal e oficialmente, assumida pelo respetivo sacerdote. Que não pode “lavar as mãos” ou desobrigar-se da sua responsabilidade, quer ao nível de programação, quer organização, realização, ou avaliação.
Sou, como sempre fui, a favor das festas religiosas e populares, mas entendo que devem acontecer como identidade de uma povoação ou de uma comunidade, observando o espírito da legalidade, com proporcionalidade e sustentabilidade.