A opinião de ...

Resultante, sobretudo, da crise que nos apoquenta, nomeadamente ao nível financeiro, económico e social, a desertificação do interior, com índices mais acentuados nos meios rurais, tem vindo a crescer, assustadoramente.
As nossas aldeias estão cada vez mais despovoadas, daí resultando um evidente pessimismo quanto ao futuro das próprias comunidades e da sua própria economia.
Os lamentos sobre o abandono da agricultura e o receio sobre o futuro dos jovens agricultores, que teimam em manter-se ativos e produtivos, fazem parte do pensamento e das preocupações do quotidiano do nosso mundo rural.
As condições climatéricas mais ou menos adversas, bem como a debilidade da defesa da produção face à pressão de intermediários e grande distribuição, que arrecadam a maior parte do lucro, são condicionalismos pouco favoráveis à dinamização do setor agrícola, com repercussões negativas mais acentuadas nos meios rurais pobres, onde se encontram instalados agricultores de pequena dimensão.
Confrontados com os problemas relacionados com o escoamento e valorização dos produtos agrícolas, os meios rurais vão “definhando” se não houver uma política motivadora que reconheça o esforço de quem abraça o trabalho na terra e potencie formas consistentes de sustentabilidade, que permitam o pagamento do investimento, e motivem os jovens a instalaram-se na agricultura e arrisquem a não deixarem as terras abandonadas.
Mas é, também, nesta dimensão da dificuldade que podem surgir desafios e espíritos empreendedores, olhando para a crise como possibilidade para corrigirmos os caminhos do nosso viver social e dos nosso hábitos económicos, espreitando a oportunidade, para superar complexos e recuperar valores essenciais à construção do nosso futuro, não abandonado nunca a esperança.
Vem isto a propósito da realização da 1.ª Feira do Azeite e do Pão da freguesia de Macedo de Mato, cujo evento terá lugar, no próximo dia 20 do corrente mês de Junho, um Domingo, portanto.
Tendo em conta que se trata de um iniciativa perfeitamente enquadrada no contexto social onde vai decorrer, quando o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Crisóstomo, me disse, há uns meses que iria desenvolver esta ideia, contou, desde logo com o meu apoio pessoal.
Na verdade, é importante imprimir algum dinamismo às nossas aldeias, motivando as pessoas, dando oportunidades de interação, de expressão e exposição dos seus produtos genuínos da terra, como é o caso do azeite e do pão.
Ao levar por diante esta primeira edição da Feira do Azeite e do Pão, a Junta de Freguesia, procura dar um “pontapé” no marasmo que se verifica no meio rural e potenciar a possibilidade do conhecimento de produtos locais tão caraterísticos das aldeias de Macedo do Mato, Frieira e Sanceriz.
É certo que, em determinados contextos, a capacidade de pensar de forma diferente, ter ideias criativas, inovadoras e empreendedoras, nem sempre é vista de uma forma positiva. Só que, por vezes, a realidade dos factos transforma as mentes das avaliações, inconsequentes.
Por isso é importante que todos aqueles que possam contribuir para que este evento venha a ser um êxito, o façam de forma consistente e desinteressada e que aos visitantes também lhe seja dada informação do que é tradicional e histórico na freguesia, como por exemplo os três moinhos de água, ainda em pleno funcionamento, os pelourinhos de Sanceriz e Frieira, bem como a ponte românica.