A opinião de ...

São Bartolomeu propriedade capitular

Numa pequena notícia histórica dirigida a D. Nuno, Bispo da Diocese de Bragança-Miranda, em Visita Pastoral à Paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Samil [30 de janeiro a 3 de fevereiro 2024], Ernesto Vaz dá conhecimento de que no ápice do cabeço de São Bartolomeu, foi erguida, nos anos quarenta do século passado, esta capela que todos vemos de longe, abençoando a cidade. Esta ermida, continua ele, reutilizou uma outra mais pequena, levantada na Idade Média, e que serviu de apoio aos que fugiam das pestes que grassavam na vila, refugiando-se no Cabeço da Atalaia, o nome anterior desta agulha orográfica, a mais alta dos arredores de Bragança.
A 5 de Junho de 1634, o Bispo de Miranda D. Jorge de Melo “ordena certas obras na Ermida de S. Bartolomeu”. A capela medieval estava a precisar de trabalhos de consolidação e restauro. O seu adro, vizinho do templo, já fica no termo de Samil.
José Cardoso Borges em “As Memórias de Bragança” [1721-24], discorre sobre a orografia do cabeço brigantino: “no mais alto se vê a ermida de S. Bartolomeu, que por este nome o faz conhecido e também pelos muitos mananciais de excelente água em que se desata”. O Pe. Luís Cardoso, nas “Memórias Paroquiais” [1769?] descreve com imaginação a centralidade do monte em relação a Bragança, como quem desenha um chapéu, cuja copa redonda é o monte, que assenta sob a aba que é o vale de Bragança. A cidade “está situada em hum vale, copada de hum monte, chamado de São Bartolomeu da parte sul.”
Em 1758, a ermida de São Bartolomeu dependia do Abade de S. João de Bragança, paróquia extinta depois da transferência da sede da Diocese de Miranda para Bragança, em 1764.
Até finais da década de quarenta, do século XX, o promontório do cabeço esteve em relativo estado de ignorância e a ermida em degradação. Por esta altura intervêmDias Parente e o grupo de amigos, que se voluntariaram para ampliar o nicho e, trabalhar pelo que na altura se proclamava “á boca cheia”, a “Estância de Turismo nacional”.
A 30 de junho de 1950 os Cónegos, do Cabido da Igreja Catedral de Bragança-Miranda, delegam por unanimidade, periodicamente, no Pároco da Sé, a administração da Capela de São Bartolomeu. A 12 de fevereiro de 1982, esta ordem foi alterada pelo então Bispo diocesano, D. António José Rafael [1979-2001], não sem que o Cabido lhe tenha manifestado o seu desagrado, pela agregação ilegítima à recém-criada Paróquia dos Santos Mártires, da Ermida de São Bartolomeu, propriedade Capitular. Esta decisão foi revertida mais tarde, em 2001, por D. António Montes [2001-2011], provada que foi a ilegitimidade da retirada deste património ao Cabido. O Cónego Silvério Pires, Presidente do Cabido, afirma em ata que a Capela do São Bartolomeu é propriedade do Cabido, “desde tempos imemoriais”.

Edição
3985

Assinaturas MDB