A opinião de ...

Avançar, Recuando…

Estamos, de novo, na estrada, no caminho. Se este atalho a algum lado nos vai levar, o futuro o dirá. Ninguém terá dúvidas que, entre duas escolhas, dois posicionamentos se perfilam, os do sim e os do não. Democracia é ouvir e ceder no respeito pelo outro. Sabemos, vasculhando no recuo dos tempos, que apenas os Grandes a praticam os que, nas escuras encruzilhadas sem placas de sinalização, sem bússolas, nos insondáveis momentos de solidão, decidem pelo bem maior, por nós, pelas gentes.
Sei, quem não sabe sonso se faz, que foi Abril que nos trouxe até aqui pois que ali, nesse imortalizado mês, foi dado o tiro de partida, arrancamos de peito feito para a grande maratona. Cedo se percebeu que, por impossibilidade total, não podíamos ir todos e, então, cedemos, no diálogo noutros delegamos. Transformamos a maratona numa corrida de estafetas. Os testemunhos foram entregues de mão em mão, com a nossa superior anuência, com nosso responsável ou irresponsável voto. Sem excepção, fomos todos coniventes na chegada à meta onde nos encontramos: exaustos, desiludidos, frustrados, humilhados, perdidos, enganados e em confronto. Uma vez mais, dois blocos, os do sim e os do não.
A todos foi dado observar os ultrajes a que fomos submetidos: muitos a quem entregamos os nossos destinos escolheram nossas costas para enterrarem o punhal de Brutus, em vez de governarem governaram-se com nossos dinheiros, com os haveres de velhos, novos e crianças. Uns sabemos quem são, mas vemo-los na altivez do despudor da liberdade, outros vão morrer nos insondáveis mistérios da História, transmitindo à descendência herança de nossa pertença e nome de Família que se perpetuará nos tempos, transportando cofre guardador de segredo infame.
Na encruzilhada dos medos, encontravam-se dois grupos de delegados, de estafetas prontos a serem empossados para decidirem o caminho a tomar.
Pela primeira vez nos curtos quarenta anos da nossa jovem democracia, três partidos, ausentes voluntários das áreas de decisão, decidiram ir a jogo. A Assembleia da Republica escolheu, decidiu, utilizando as regras Constitucionais.
Por não ter dado ouvidos aos mais avisados o nosso Presidente decidiu data absurda para o tira-teimas, amputou-se, castrou-se, entronou-se árbitro sem apito.
Os ajuntados, mal amados do mais alto magistrado da nação, escolheram outro caminho para chegar à meta europeia. Porque não gosta dessa estrada o nosso árbitro sem apito pendurou Portugal em cerca de dois meses.
A História julgará, em devido tempo, o homem que tentou, contra a Assembleia da Republica, impor-nos um Governo não escolhido pela democracia.
Porque se enjaulou, querendo, num beco sem saída Cavaco encontra-se em implosão, numa situação por si escolhida pois, no tal beco sem saída em que se meteu, só consegue, triste sina, Avançar, Recuando…

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