Nordeste Transmontano

Doença hemorrágica já afeta vacas da região

Publicado por Francisco Pinto em Qui, 2023-10-19 09:45

Os produtores de gado bovino do Nordeste Transmontano mostram-se apreensivos com os possíveis efeitos provocados pela Doença Hemorrágica Epizoótica (DHE) que afeta estes animais, principalmente na locomoção e na alimentação, e que pode levar a perdas de efetivo, depois de já se terem registado alguns casos na região.

O foco está, sobretudo, no Planalto Mirandês (Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso) mas também já foram identificados alguns casos no concelho de Bragança.
O secretário técnico da Associação Nacional de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, Válter Raposo, explicou ao Mensageiro que os animais ficam vulneráveis porque a sua imunidade fica mais comprometida, o que deixa os agricultores apreensivos quanto ao rendimento das suas explorações.

“Depois de um cenário de seca que já dura há dois anos, vir agora uma peste é de ficar muito apreensivo em relação ao futuro das explorações pecuárias e consequente produção de carne”, indicou o também médico veterinário.

De acordo com o responsável, esta doença é provocada por um mosquito que tem origem nos cervídeos (cervos e veados) e não é transmitida aos humanos.

“O ideal nestas circunstâncias é uso de repelentes de mosquitos para não picarem os bovinos e evitar a transmissão da doença”, explicou o mesmo responsável.

Os primeiros casos detetados nestes territórios aconteceram no princípios de agosto, tendo sido mais frequente desde o início de setembro, o que está a deixar os produtores pecuários preocupados.

De acordo com Válter Raposo, os concelhos mais afetados pela DHE são o de Mogadouro, Miranda do Douro e parte de Vimioso, havendo também registo no concelho de Bragança.
Segundo um edital publicado no sítio oficial na internet da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), os sinais clínicos desta doença são febre e falta de apetite, estomatite ulcerativa (lesões na mucosa da boca), produção excessiva de saliva e dificuldade em engolir, coxeira devido à inflamação das coroas dos cascos, úbere avermelhado e pode provocar a morte do animal. Mas é mais frequente a sua recuperação em duas semanas.

No entanto, foi, também, aconselhada a limitação de movimentos de animais num raio de 150 quilómetros em torno do foco da doença, restringindo os movimentos com destino a outro Estado-membro de animais provenientes das explorações que estão localizadas nessas mesmas áreas.

A notificação de qualquer suspeita deve ser realizada de forma imediata aos serviços da DGAV, para permitir uma rápida e eficaz implementação das medidas de controlo da doença no terreno por este organismo de apoio à pecuária

Deverão também ser reforçadas medidas de higiene e desinsetização de instalações para controlo vetorial, bem como dos veículos de transporte.

As medidas de controlo a implementar serão adaptadas em função da avaliação das medidas de vigilância e baseiam-se na delimitação de zonas livres e zonas afetadas e na implementação de condicionantes à movimentação animal das espécies sensíveis.

De acordo com o edital mais recente publicado pela DGAV em agosto, no território continental a zona afetada exclui apenas os distritos de Viana do Castelo, Braga (com exceção de Celorico de Basto) e algumas zonas dos distritos do Porto e Vila Real, juntando-se agora a região do Planalto Mirandês.

Segundo a DGAV, focos da DHE foram detetados em Badajoz em novembro de 2022 e foi pela primeira vez determinada uma zona infetada em Portugal a 02 de dezembro.

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