Ex-presidente da Alzheimer Portugal critica demora dos planos regionais para as demências previstos há 6 anos
Continuam sem sair da gaveta os Planos Regionais para as Demências que estavam previstos na Estratégia da Saúde na área das Demências que já foi aprovada há seis anos.
Esta é uma situação “inadmissível”, na ótica do antigo presidente da Alzheimer Portugal, José Carreira, que não deixou passar em claro esta inércia das entidades responsáveis durante o segundo seminário transmontano da doença de alzheimer e outras demências que aconteceu, a semana passada, em Mirandela. “Há uma grande diferença entre a legislação e depois a ação e nós já estamos um pouco habituados a isso, porque esta é uma estratégia que vem de 2018, mas que, na verdade, no terreno, pouco se viu até agora”, lamenta. “Até porque devíamos ter planos regionais passado um ano, em 2019, e agora é que se está a dizer que com verbas do PRR vão ser implementados esses planos.
Deus queira que assim seja, mas na verdade temos visto muito pouco”, acrescenta José Carreira.
Mesmo assim, o agora presidente da Associação “Stop Idadismo” deixa um aviso: “Se não houver um envelope financeiro para essa estratégia e para esse plano, pode ser um plano fantástico mas que depois não vai depois chegar ao terreno e acima de tudo não vai chegar a quem importa que são as pessoas com demência e os cuidadores”, refere.
José Carreira defende que devia existir um plano nacional para a demência e não uma estratégia nacional para a demência, porque, no seu entender, a estratégia “passa apenas pela área da saúde” deixando para trás a área social. “Entendemos que devia haver um plano que tenha a saúde, a área social, empresas e pessoas com demência, porque temos de dar voz a essas pessoas e às suas famílias, porque é fundamental unir esforços para poder complementar aquela que é a intervenção farmacológica que existe, mas depois é preciso haver o acompanhamento da parte social, pelo menos estes dois vasos deviam ser comunicantes: o Ministério da Saúde e o Ministério da Solidariedade Social”, conclui.
José Carreira não escondeu a desilusão pela ausência de última hora do coordenador da zona Norte do plano nacional para as demências no seminário realizado, em Mirandela, pela Associação MentalMente. “Seria uma boa altura para explicar o que está a acontecer”, diz.
Recorde-se que, em junho de 2018, foi aprovada, pelo Ministério da saúde, a Estratégia da Saúde na Área das Demências que determinava, entre outras coisas, a elaboração de Planos Regionais para as Demências, a cargo das Administrações Regionais de Saúde. Seis anos depois continuam por implementar no terreno.