Acontecimento e personalidade do ano
Com o final de ano é habitual os órgãos de comunicação social, escrita e falada (jornais, revistas e televisões), eleger personalidades e acontecimentos que marcaram o ano que termina. Não querendo “meter a foice em ceara alheia” apeteceu-me também escrever estas linhas seguindo um pouco essa prática. Porque tudo o que diz respeito à Polícia, mais especificamente, à PSP, não me deixa indiferente é por aí que vou. A minha escolha é a instituição Polícia de Segurança Pública. Os episódios que, ao longo de todo o ano, abriram muitos telejornais e foram tema de artigos noticiosos assim como foram objeto de todo o tipo de comentários nos mais diversos fóruns. Ora vejamos.
Logo no início surgiram, do nada e de forma totalmente inédita, as vigílias dos polícias. Primeiro em frente à chamada “Casa da Democracia” e logo por “Portuagal inteiro”. A causa próxima, foi a reivindicação da atribuição de um subsídio de risco profissional semelhante ao que havia sido reconhecido a outros polícias. Duraram seis longas semanas. Terminaram com duas grandes manifestações. Tudo decorreu em boa ordem e civismo. Exceto o espontâneo “cerco ao capitólio”, por não estar autorizado. E donde veio o desabafo “Não se negoceia sob coacção”.
Com a tomada de posse de novo governo em abril, o primeiro ato de gestão da nova ministra responsável pela PSP foi demitir o director, fazendo cair toda a direcção e vários comandantes que, sabe-se lá porquê, passaram à situação de pré aposentação. Talvez porque o agora ex-diretor ousara manifestar simpatia e compreensão pelos seus polícias em vigília prometera tudo fazer para melhorar a satisfação profissional, como deve ser a carta de missão de todos os responsáveis. Os novos comandantes, com novos projetos, ainda não demonstraram ao que vêm, apesar das boas intenções discursivas. Talvez tenham dito “amén” à política estratégica securitária deste governo. Veremos depois.
Chegados a junho foram as negociações pelo prometido e reconhecido como justo aumento subsídio de risco. Mas surge um obstáculo. “Nem mais um cêntimo”. É um ultimato? Uma ameaça? É tudo isso. É arrogância e falta de respeito aos polícias do chefe do governo. Porque ainda não disse o mesmo a mais nenhuma profissão com quem negoceia?
Vem outubro e a morte de Odair. “Foi uma execução”, dizem alguns. Manifestações legítimas. Distúrbios, vandalismos e tumultos ilegítimos. A PSP é racista, xenófoba e está infestada de elementos da extrema direita que têm que ser afastados dizem e escrevem fazedores de opinião.
Para cúmulo, no início de dezembro, surgem na comunicação social as imagens da operação policial da Rua Benformoso. Muitas pessoas, a grande maioria imigrantes, voltadas para parede de mãos estendidas, vigiadas por agentes fortemente armados, à espera de serem revistadas. Para nada. É uma operação racista, concluem os mesmos.
Não há pessoas perfeitas. Nem famílias. Nem as escolas e as comunidades são perfeitas. E a PSP também não. E os seus agentes também são mulheres e homens imperfeitos. É preciso continuar a fazer o caminho. A minha personalidade do ano é “O/A POLÍCIA”. Todos os polícias da PSP que continuam a esforçar-se e a dar o seu melhor ao serviço da segurança pública e bem-estar das pessoas. Para todos desejo um excelente 2025, com muito menos motivos para tantas notícias e comentários.